Boletim CH#13 ☘️ Você acha justo punir atletas por uso de cannabis?
Biden diz que regras são regras, mas tá bem afim de mudá-las. A Casa Branca está tentando uma reunião com a agência antidoping Wada para discutir o afrouxamento das restrições contra a cannabis
Olá olá, tudo bem por aí?
Sinto vocês mais animados, vários já com a vacina no braço e o sorriso de volta na cara. Assim que eu gosto, alegria alegria!
Ó, seguinte, lembra que a edição passada da news saiu na terça-feira como parte de um experimento de audiência? Pois é, funcionou: a taxa de abertura cresceu 20%, oba! Assim que agora é oficial, este boletim que te informa com as notícias canábicas mais importantes do momento vai chegar no seu e-mail às terças, quinzenalmente.
Na edição passada do cannabis hoje, falamos sobre o livro Drogas Para Adultos, do genial Carl Hart, mas como somos muito fanzuchos dele, voltamos ao tema uma vez mais. Agora, para indicar com cinco estrelas e uma pirueta a entrevista que ele deu ao igualmente maravilhoso Denis Russo Burgierman.
Outro texto fundamental publicado dias atrás pelo doutor em psiquiatria pela Universidade de São Paulo e membro do Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas do Estado de São Paulo, Luís Fernando Tófoli, na Folha de S.Paulo. Com a didática que lhe é própria, Tófoli explica o PL 399/2015 e a importância de a sociedade brasileira dar esse passo URGENTE.
Duas pilulinhas de ânimo antes de ir às notícias.
Um estudo concluiu que “a tomada de decisão não é prejudicada quando a cannabis é usada com moderação” e não encontrou “nenhuma evidência para apoiar a presunção de que o consumo de cannabis leva a um declínio na capacidade neurocognitiva”.
E outro, revela que "o benefício espiritual da cannabis foi relatado por 66,1% da amostra, enquanto 5,5% relataram que às vezes a cannabis era um obstáculo espiritual".
Agora sim, bora lá!
☘️ Os últimos dias foram agitados no universo da cannabis ao redor do mundo, que repercutiu e praticamente só falou do banimento da velocista norte-americana Sha'Carri Richardson da prova dos 100 metros das olimpíadas de Tóquio depois de testar positivo para o THC. A atleta era favorita ao ouro na modalidade e diz que utilizou a substância para lidar melhor com a morte recente de sua mãe, e detalhe: tudo isso no Oregon, Estado onde o uso recreativo da cannabis é legalizado. Mesmo que ela jamais tenha militado pela cannabis e tampouco usado sua posição de destaque no esporte para tocar no tema, a comunidade canábica acolheu Richardson e comprou sua briga com argumentos que talvez nem mesmo a corredora tenha pensado a respeito. O presidente dos EUA, Joe Biden, só conseguiu fazer o que ele faz de melhor, manter-se em cima do muro com uma breve e mixuruca aspa: “as regras são as regras. Estou feliz com a atitude que ela tomou (de aceitar a punição), mas não podemos fazer nada mais do que acatar as regras e aceitar a sanção”. Acho que o melhor suco que tiramos desse episódio é a reabertura da discussão a respeito das regras antidoping sobre a cannabis -que, importante ressaltar, não melhora o rendimento dos atletas nem os coloca em posição de vantagem- nos esportes e tanto é assim, que a própria Casa Branca foi bater à porta da Wada, agência mundial antidoping, pedindo horário para uma reunião onde, segundo reportagem da Reuters, deverão discutir o afrouxamento das restrições do consumo de cannabis por atletas. Conversamos com atletas olímpicos sobre o tema, e vários deles apostam que já nas próximas olimpíadas de Paris o THC deve sair da lista de substâncias proibidas. Trarei mais detalhes para vocês loguinho, fiquem ligados ;)
☘️ Já ouviu falar em serviço de entrega de cannabis ou subprodutos da substância a domicílio? Nos Estados Unidos, isso já acontece, e é super normal, tipo você pedindo o seu almoço pelo iFood. Só que até o mês passado, não era possível encontrar o serviço nos aplicativos disponíveis para sistemas Android nem tampouco iOS. Um novo capítulo dessa história começa a ser escrito quando a Apple finalmente autoriza a entrada desse tipo de serviço na Apple Store, atualizando sua política com a inclusão de uma informação dentro de parênteses no último parágrafo: “Não é permitido facilitar a venda de substâncias controladas (com exceção de farmácias licenciadas e dispensários de cannabis licenciados ou legais) ou tabaco". Provavelmente, a decisão da empresa se deu pela iminente legalização federal da cannabis que se aproxima do horizonte no país norte-americano. Enquanto Amazon e Apple parecem entender os novos tempos, agindo em prol de mudanças na maneira como encaram a realidade canábica, o Google dorme no ponto, mantendo a mesma política de proibições atualizada pela última vez em 2019. Como já dizia o poeta “camarão que dorme a onda leva”.
☘️ Um alívio para mulheres que sofrem de câncer no útero ou ovários, a cannabis vem sendo utilizada por elas para melhorar sua qualidade de vida. Um pequeno estudo publicado há alguns dias pelo Gynecologic Oncology Reports descobriu que 71% das pacientes com câncer ginecológico relataram melhora de pelo menos uma moléstia durante o uso de cannabis medicinal. O estudo, conduzido por pesquisadores de universidades e centros de pesquisa de Nova York, envolveu 45 pacientes com idade média de 60 anos. Mais detalhadamente, 56% das pacientes usaram cannabis para a dor, 47% delas para náuseas e vômitos, 33% para anorexia e 27% para insônia. Cerca de 55% das pacientes acompanhadas no estudo receberam formulações com uma proporção de 1:1 de THC x CBD.
☘️ Nas primeiras edições deste boletim, falamos sobre os hábitos de consumo de cannabis de algumas grávidas como tratamento alternativo para enjoos severos. E agora voltamos ao tema, só que desta vez, para falar sobre o outro lado da moeda, trazendo a vocês dados de um estudo que afirma que mulheres que usaram cannabis durante a gravidez podem ter um risco aumentado de uma série de efeitos adversos para a mãe e para o bebê, como 40% mais probabilidade de parto prematuro e até 50% a mais de chances de nascimentos de fetos menores em relação ao normal para a mesma idade gestacional. Tal estudo, publicado na Drug and Alcohol Dependence em maio, examinou mais de 3 milhões de registros de alta hospitalar infantil para nascimentos na Califórnia entre 2011-2017, incluindo mais de 29.000 em que a mãe usou cannabis durante a gravidez, e a prática, segundo os pesquisadores, “foi associada a um risco aumentado de todos os resultados estudados”, incluindo aumento de desenvolvimento de hipertensão nas novas mães.
☘️ Plantações de cânhamo podem capturar o carbono da atmosfera de forma mais eficaz do que as florestas e ainda fornecem biomateriais de carbono negativo. É o que afirma o pesquisador Darshil Shah, do Centro de Inovação de Materiais Naturais na Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Ele afirmou à Dezeen, revista internacional de arquitetura e design, que “vários estudos” descobriram que o cânhamo é um dos melhores conversores de dióxido de carbono, ainda mais eficaz do que as árvores. "O cânhamo industrial absorve entre 8 a 15 toneladas de CO2 por hectare de cultivo." Comparativamente, as florestas capturam de 2 a 6 toneladas de carbono por hectare, dependendo da região, número de anos de crescimento, tipo de árvores e outros fatores, disse ele. Shah estuda madeira projetada, bambu, compostos de fibra natural e cânhamo, matéria-prima que chama atenção por produzir menos emissões do que as culturas convencionais e mais fibras utilizáveis por hectare do que a silvicultura. O pesquisador de Cambridge recentemente colaborou com um cineasta que converteu sua fazenda para a produção de cannabis e, posteriormente, construiu uma casa com a colheita. Shah está trabalhando com a fazenda para desenvolver manufatura e materiais de construção com carbono negativo que, segundo ele, poderiam substituir os compósitos de fibra de vidro, alumínio e outros materiais. O assunto está esquentando e parece que na Bélgica também já tem gente estudando o assunto.
☘️ A psilocibina, os famosos cogumelos mágicos, ajuda no crescimento das conexões neurais, reduzido pela depressão. É isso mesmo que você leu, amigue, um novo estudo da Universidade de Yale descobriu que uma única dose de psilocibina dada a ratos "induziu um aumento imediato e duradouro nas conexões entre os neurônios", de acordo com um relatório da Yale News. O estresse crônico e a depressão são conhecidos por reduzir o número dessas conexões neuronais, disseram os autores. Alex Kwan, professor associado de psiquiatria e neurociência e autor do artigo, disse que "foi uma verdadeira surpresa ver tais mudanças duradouras com apenas uma dose de psilocibina", e acrescentou que as "novas conexões podem ser as mudanças estruturais do cérebro usa para armazenar novas experiências.” Os ratos submetidos ao estresse também mostraram melhorias comportamentais e aumento da atividade dos neurotransmissores após receberem a dose de cogumelos mágicos. No Canadá, já há casos de pacientes terminais de câncer entrando na Justiça para reconhecer o direito ao uso da substância para seu tratamento de saúde.
☘️ A indústria canábica renasce com a missão de promover a igualdade e a sustentabilidade em seus processos, e a recente descoberta de que os cultivos de cannabis utilizam menos água do que se pensava é uma ótima notícia para esse mercado. Um novo estudo sugere que as fazendas de cannabis ao ar livre da Califórnia usam significativamente menos água do que as plantações de amêndoas, principal commodity agrícola do Estado, de acordo com um relatório do jornal Times-Standard, que inclui uma pequena entrevista com os autores da pesquisa, afirmando que a produção legal de cannabis ao ar livre usa quase a mesma quantidade de água que uma safra de tomate. Os resultados coincidiram com o que a organização viu no terreno, observando que “uma única grande fazenda de amêndoas usa 33 vezes mais água do que todas as fazendas de cannabis legais da região juntas".
☘️ Você faz parte dos 60% da população mundial que sofre de distúrbios do sono? Se não faz, com certeza conhece alguém que sim, e talvez você possa animá-la com a notícia de que ensaios clínicos sugerem que alguns canabinóides podem ser eficazes no tratamento da insônia. Foi o que constatou uma equipe australiana de pesquisadores que conduziu um ensaio clínico com 23 pessoas que sofrem de insônia, ao administrarem placebo em parte delas e um extrato de cannabis sublingual (com CBD, THC e CBN) na outra parte. Os indivíduos tomaram o placebo ou extrato uma hora antes de dormir todas as noites durante duas semanas. E os resultados são animadores! "Este estudo demonstrou que uma nova terapia com canabinóides é bem tolerada e melhora os sintomas de insônia e a qualidade do sono em indivíduos com sintomas de insônia crônica”, disseram os autores da pesquisa.
☘️ Um em cada três adultos na Alemanha já experimentaram cannabis de forma recreativa pelo menos uma vez na vida, segundo o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, mas de forma ilegal, já que a cannabis ainda não foi regulamentada no país. Cenário que deve mudar logo logo graças à pressão popular e à nova maneira com que os políticos alemães estão olhando para a questão. Segundo esta reportagem da agência de notícias Deutsche Welle, os políticos estão utilizando as discussões sobre a legalização da cannabis em suas campanhas para as eleições que ocorrem no fim de setembro deste ano. Quatro dos seis partidos atualmente representados no parlamento alemão estão empenhados em apoiar o fim da política de proibição. O Partido Democrata Liberal, por exemplo, incluiu a liberação para o uso adulto da erva em sua plataforma eleitoral, e não descarta a ideia de oferecer as condições necessárias para que a Alemanha se torne o principal mercado exportador de cannabis na Europa.
☘️ Uma vez pioneiro, sempre pioneiro, este certamente parece ser o lema do Uruguai. Um país pequeno em termos de extensão territorial, mas uma nação com grandes ideias e um histórico de ações ousadas, o Uruguai é o primeiro país da América Latina a considerar a legalização de produtos com infusão de cannabis, entre outras mudanças regulatórias, destinadas a estimular a indústria canábica do país. No mês passado, as intenções do governo uruguaio de legalizar os produtos comestíveis de cannabis não psicoativa (CBD) vieram à tona. As alterações propostas aos regulamentos atuais permitiriam a produção de comestíveis para vendas no mercado interno e externo, que particularmente são um elemento vital da indústria de cannabis do Uruguai, que já exportou para vários países ao redor do mundo, incluindo Alemanha e Austrália. As mudanças esperadas terão enorme importância, posicionando mais uma vez o paisito na vanguarda mundial com a provável nova regulamentação que permitiria a produção e o registro de um grande número de produtos comestíveis que contenham CBD como ingrediente: de chocolates a chicletes, biscoitos, refrigerantes, balinhas e até café, chás de ervas e vinho. Empreendedores brasileiros de olho em criar formulações comestíveis de cannabis devem estar com as anteninhas ligadas, já que formular e testar a ideia no país vizinho pode facilitar o caminho enquanto o Brasil dorme em berço esplêndido...
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Gracias mil a você que chegou até aqui e acompanhou a gente nessa jornada intensa de novidades canábicas.
Para desbaratinar um poquinho, você sabia que algumas pessoas simplesmente não ficam chapadas ao comer produtos com THC? Deus me livre hahaha
Como não vejo muita discussão sobre a interação da cannabis, seja ela rica em CBD ou em THC, com outras substâncias e medicamentos, fui atrás de entender um pouquinho mais sobre os paranauês envolvidos na questão, e encontrei esta entrevista com uma especialista no assunto. Bem esclarecedora, acho que você vai gostar!
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Anita_Cannabis Hoje