Boletim CH#21 ☘️ Feiras e congressos alavancam a indústria e fomentam a cultura canábica
Empreendedores autônomos que viajam para eventos criam agenda paralela com aulas de cultivo, culinária e extração
Fala, minha gente!
Tudo bão?
Notaram que tamos atrasildos esta semana? Era pra ter lançado a news ontem mas não rolou porque tá acontecendo de ter que resolver a vida enquanto a vida continua. É buscar casa pra seguir por aqui nas Canárias mais uma temporada, é cozinhar, é entrevistar, é meditar, é tudo e ao mesmo tempo agora. Por isso, conto com a sua compreensão pelo atraso na entrega do seu boletim das notícias canábicas mais importantes da semana.
Mas a espera acabou, cá estamos pra te contar o que é que houve, o que é que há. Começando pelas feiras e congressos que movimentam a indústria e a cultura da cannabis no mundo. Tive a oportunidade de conversar com os organizadores da Spannabis, em Barcelona, da ExpoCannabis, em Montevidéu, e da ICBC, em Berlin, para entender a importância desses eventos na construção de um ecossistema forte e potente. Vai lá, que tá interessante.
E depois volta aqui, para as news de destaque :)
☘️ Primeira frente parlamentar em defesa da cannabis medicinal no Brasil tem PT e Partido Novo
>>> É, meus amigos, a cannabis anda fazendo proezas até então inimagináveis em terras brasilis, como a união de parlamentares do PT e do Partido Novo --além de vários outros partidos-- na defesa do acesso democrático à cannabis medicinal a todos os brasileiros. Os 21 deputados estaduais de 12 partidos que se uniram para debater a regulamentação da erva criaram a primeira frente parlamentar do Brasil com este intuito. Um dos assuntos principais que deve ser debatido pelo grupo é a distribuição de medicamentos à base de cannabis pelo SUS. Mais detalhes nesta matéria do UOL.
☘️ Couch de cannabis? Juro que não é bullshit
>>> Se sua primeira experiência com o álcool fosse bebendo um galão de vodka de má qualidade, poderia ser natural que você se você se tornasse abstêmio. Mas e quanto à cannabis? Na ausência de orientação ou know-how, as pessoas poderiam ter realmente uma má experiência logo de cara e muito provavelmente abandonar a cannabis mesmo antes de entender mais sobre ela. Por isso, uma espécie de couch para o seu uso é uma perspectiva interessante nesta era de ouro da cannabis. De xaropes e bálsamos com infusão de cannabis a bebidas nanoemulsionadas, o mundo da cannabis em 2021 é um sistema solar inteiro que vai muito além dos baseados de prensado tão comuns no Brasil. Com tanta variedade nas prateleiras de países como os EUA e o Canadá, os consumidores que procuram usar esta planta como uma ferramenta de saúde e bem-estar podem facilmente cair em enrascadas. Para preencher esta lacuna, foi que nasceu o Cannabis Couch Institute, que tem sete especialistas mulheres no assunto trabalhando pela informação e formação do setor. Como o consumidor médio pode aprimorar de forma fácil e eficaz o que funcionará melhor para ele? Na ausência de conselhos confiáveis e bem informados de profissionais de saúde, como os pacientes de cannabis medicinal podem ter certeza de que têm o conhecimento e a orientação de que precisam para encontrar o medicamento que funcionará de forma eficaz e consistente? Como eles escolhem entre comestíveis, tinturas, fumar, vaporizar e tópicos? Como eles sabem se devem tomar um produto nano CBD ou um de espectro completo? Que tal incorporar CBG, CBN ou Delta 8? Se você também faz estas mesmas perguntas, talvez também enxergue esta oportunidade de negócio no Brasil.
☘️ Remissão de 76% no tamanho de um tumor no pulmão de uma idosa que recusou a quimio e se tratou com CBD
>>> Cada vez mais a cannabis vem sendo discutida como possibilidade de tratamento de diversos tipos de câncer. E aqui, uma notinha para botar mais lenha nessa fogueira. Uma mulher de 80 anos, que usou óleo de canabidiol (CBD) para tratar um câncer no pulmão após se recusar ao tratamento convencional, viu o tumor diminuir 76% de tamanho em menos de três anos. Médicos do Departamento Respiratório do Reino Unido afirmaram que o tumor media 41 mm em 2018 e que a idosa também padecia de osteoartrite, hipertensão e doença pulmonar obstrutiva crônica leve. Ela foi aconselhada a se submeter a quimioterapia ou cirurgia, mas se recusou a fazê-lo. Então, começou a automedicação, com 0,5ml de óleo de CBD três vezes ao dia em agosto de 2018, de diferente, só notou uma redução no apetite com o início do tratamento com cannabis, mas nenhum efeito colateral. O estudo do caso, publicado no BMJ Case Reports, contou com check-ups regulares e tomografias computadorizadas em um intervalo de três a seis meses, que revelaram que o tumor encolheu de 41 mm para 10 mm em fevereiro de 2021. “Embora pareça haver uma relação entre a ingestão de óleo de CBD e a regressão do tumor, não podemos confirmar de forma conclusiva que uma coisa esteja relacionada à outra”, concluíu o estudo.
☘️ Pesquisa nos EUA mostra que 46% prefere viver em um lugar onde a cannabis é legalizada
>>> Quando eu cheguei na Europa e tava decidindo em qual cidade morar, devo confessar que Amsterdam era alta candidata. Daí quando soube que Barcelona também tinha seus coffeshops e uma cultura canábica viva, me decidi por lá. E parece que assim como eu, tem mais gente considerando o fator cannabis na hora de decidir onde morar. Uma pesquisa publicada recentemente pela corretora de imóveis Redfin com mais de mil pessoas descobriu que 46% dos entrevistados “preferem viver” ou “só viveriam” em um lugar onde a cannabis é legalizada. Cerca de 34% dos entrevistados preferem viver onde a cannabis para uso adulto não é mais proibida e 12% viveriam apenas em um lugar onde a cannabis é totalmente legal. Apenas 22% dos entrevistados “não iriam” ou “preferem não” viver em um lugar onde a cannabis é permitida para uso adulto. Outros 32% dos entrevistados disseram que não se importavam se a cannabis era legal ou não ao decidir onde viveriam. Apenas 10% dos 1.023 participantes da pesquisa, que incluiu pessoas que se mudaram para novas áreas metropolitanas desde março de 2020, disseram que não viveriam em um lugar onde a cannabis seja legal. E você, já cogitou passar uns meses no Uruguai só para ter o gostinho de uma vida legalizada?
☘️ Reguladores de NY finalmente discutem o autocultivo
>>> Os reguladores da cannabis em Nova York estão finalmente discutindo a possibilidade de que os pacientes de cannabis medicinal no Estado tenham o direito de cultivar plantas para uso pessoal, discussão fundamental para popularizar o acesso a essa medicina. Em reunião na semana passada, o Cannabis Control Board de NY --responsável pela regulamentação da indústria da cannabis do Estado-- decidiu permitir que os pacientes cultivassem até seis plantas - dentro ou fora de casa - para seu próprio uso terapêutico. “O cultivo doméstico de cannabis medicinal proporcionará aos pacientes certificados um meio econômico de obter cannabis por meio do cultivo pessoal, ao mesmo tempo que cria um conjunto de normas que regem uma conduta”, disse a ex-deputada Tremaine Wright (D), que preside o Cannabis Control Board. Cuidadores de pacientes com menos de 21 anos “cujas deficiências físicas ou cognitivas os impedem de cultivar cannabis” também podem cultivar até seis plantas em seu nome. Os proprietários de imóveis de aluguel, no entanto, teriam a opção de proibir os inquilinos de cultivar maconha em suas propriedades.
☘️ Primeira verba federal para pesquisa com psicodélicos nos EUA em 50 anos
>>> Se alguém ainda duvidava que estamos vivendo o renascimento psicodélico, sugiro prestar atenção às notícias que pipocam sobre o tema. A mais recente e das mais importantes trata de uma subvenção federal e milionária dos Estados Unidos para uma investigação com psicodélicos. A Johns Hopkins recebeu uma bolsa do National Institutes of Health para explorar os impactos potenciais da psilocibina (os famosos cogumelos mágicos) no vício do tabaco, a primeira bolsa do NIH concedida em mais de meio século para investigar diretamente os efeitos terapêuticos de um psicodélico clássico. O estudo será realizado ao longo de três anos simultaneamente em três instituições de pesquisa para diversificar o grupo de participantes e aumentar a confiança de que os resultados se aplicam a uma ampla gama de fumantes. O financiamento de quase 4 milhões de dólares será feito pelo Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos EUA.
☘️ DEA quer produção 6.300% maior de MDMA em 2022
>>> Aproveitando que a gente deu uma pulada de cerca pra falar de psicodélicos, seguimos no assunto um tiquinho mais. O DEA vai aumentar expressivamente sua produção de cannabis e psicodélicos para pesquisas em 2022, segundo anúncio recente da agência federal. Dois meses atrás, o DEA já havia proposto um aumento importante na produção de cannabis e psicodélicos para 2021. Na proposta de excedência da produção, o órgão pede um aumento de 6.300% de MDMA, o dobro da produção de psilocibina e também do extrato de cannabis. O edital inclui uma chamada para comentários do público sobre os aumentos de produção propostos, o que na prática não quer dizer muita coisa, mas pelo menos dá a impressão de que a população tem voz nesse tipo de questão. Atualmente, a produção licenciada de cannabis de grau de pesquisa está limitada à Universidade do Mississippi, mas a DEA solicitou pedidos de cultivadores adicionais e outros produtores de substâncias da Tabela I. Essas licenças são aguardadas há muito tempo e muitos ativistas e partes interessadas acusaram a agência de tratar o assunto com lentidão. Bom, parece que agora vai! Algum palpite sobre o interesse crescente do DEA no assunto?
☘️ Suíça a um passo de legalizar cannabis medicinal e recreativa
>>> Produção, cultivo, comércio e consumo de cannabis não serão mais proibidos na Suíça depois que uma comissão que investiga a substância afirmou que as leis devem ser alteradas e não apenas para o uso médico, mas também para o seu uso recreativo. A Comissão de Segurança Social e Saúde do país disse que a cannabis deveria ser regulamentada na Suíça a fim de controlar o “mercado de cannabis para proteger o consumidor e a juventude”. Um projeto de lei será agora elaborado no parlamento suíço com a intenção de eliminar o mercado negro da droga na Suíça. O autocultivo também deve ser incluído na proposta de lei que terá o apoio de todo o espectro político da Suíça, com 40 membros do Conselho Nacional assinando a iniciativa.
☘️ Misturar cannabis e álcool, que onda?
>>> Tomados com responsabilidade, tanto o álcool quanto a cannabis podem ser ótimos. Mas e quando você mistura os dois? Beber álcool e ficar chapado ao mesmo tempo - o “crossfading” - pode potencializar os efeitos de ambos e, potencialmente, levar a alguns efeitos colaterais. Se você tem idade suficiente, deve se lembrar de ter ouvido na aula antidrogas na escola que, quando tomados juntos, o álcool e a cannabis dobram os efeitos um do outro. Embora não haja evidências de um efeito de duplicação, há várias pesquisas que indicam que as duas substâncias aumentam os efeitos uma da outra. Um estudo publicado este ano descobriu que, quando a cannabis foi usada pela primeira vez, havia uma tendência de consumir menos álcool e mais cannabis. Os pesquisadores afirmaram que “usar cannabis primeiro dentro de um dia de co-uso foi associado a um menor consumo diário de álcool, mas a um maior consumo diário de cannabis”.
☘️ Cannabis pode ser uma bela aliada no tratamento de enxaquecas
>>> A enxaqueca é uma das doenças mais prevalentes no mundo. Cerca de 39 milhões de pessoas nos Estados Unidos e 1 bilhão de pessoas em todo o mundo sofrem com ela, ou uma a cada oito pessoas. Quase metade de todas as mulheres experimentará enxaquecas em algum momento de suas vidas, na maioria das vezes entre os 35 e os 45 anos de idade. A cannabis também promete ser um tratamento conveniente e eficaz para enxaquecas e outras dores de cabeça. De acordo com um artigo publicado em agosto deste ano por um grupo de pesquisadores da Flórida, as evidências atuais indicam que o uso de cannabis “diminui a duração e a frequência da enxaqueca” por meio das vias da glutamina, da inflamação, dos opiáceos e da serotonina. Além disso, dois outros artigos publicados recentemente sugerem que os terpenos, os compostos responsáveis pela fragrância da planta da cannabis, podem ter algo a ver com esse efeito terapêutico. Os pesquisadores da Universidade de Washington concluíram que a inalação de cannabis reduziu a dor de cabeça e enxaqueca de metade dos participantes do estudo. Seus resultados, publicados em maio de 2021 no The Journal of Pain, revelaram que reduções maiores foram associadas aos concentrados do que às flores. Os autores também descobriram que os homens relataram maiores benefícios do que as mulheres.
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Por hoje é isso, pessoal.
Vamos nos despedindo com estas quatro dicas de como fazer a sua erva durar mais, esta ferramenta para escolher o tipo certo de cannabis para o seu perfil, e este episódio do podcast The Argument sobre a legalização de todas as drogas na esteira da legalização mundial da cannabis.
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