Boletim CH#27 ☘️ O presidente maconheiro dos EUA
enquanto a publicidade avança, diretrizes das redes sociais ainda patinam sobre a questão canábica
Buenas, pessoal. Tudo bem?
Por aqui, tudo em ordem, mesmo com mercúrio e vênus retrógrados rs.
Há uns anos eu vinha considerando a ideia de experimentar os efeitos da microdosing mas acontece que eu sou tão boa em procrastinar, que fui fiel à minha essência também nesse caso e a ideia permaneceu apenas no plano das ideias.
O que mais dificultava, na verdade, era o fato de não saber fazer sozinha. Mas há uns meses, soube de um amigo que fazia por indicação de um casal de amigos que já estava microdosando e falava maravilhas a respeito. Detalhe, o casal vive uma rotina puxada com duas crianças pequenas para cuidar. Pensei “cara, se eles conseguem dar conta de tudo com as chiquilinas e estão maravilhados com o negócio, não há o que temer”, e fiz a encomenda.
Trouxe para casa e nunca era o momento certo. Ou porque era natal, era ano novo, ou porque tinha que viajar e isso ia bagunçar toda a rotina da coisa, que se resume, basicamente, a tomar um dia sim e dois não. Isso por um mês. E depois descansar por pelo menos mais um mês antes de voltar a microdosar.
Bom, finalmente chegou o dia: uma quarta-feira ensolarada que pulei da cama e, de jejum, botei pra dentro um bombom de chocolate com 0,02 de pscilocibina —os tais cogumelos mágicos. Em dois minutos comecei a notar vibrações que na teoria eu não devia estar sentindo. Um pilar básico da microdosagem é justamente a ausência de psicodelia. É zero efeito psicoativo a partir de uma dose mínima que mantém, apenas, a “tecnologia” dos cogumelos.
Fiquei estranha umas duas horas, sem poder me concentrar direito, não resisti e fui dormir. Dormi horas e me atrasei em tudo o que eu tinha para fazer. Poxa, tanta expectativa para na primeira vez me derrubar assim? Fui me consultar com um amigo entendidíssimo da coisa e me sugeriu partir o próximo bombom pela metade, e assim diminuir a microdose para 0,01 —o mínimo num rango que pode ir até 0,03, variando de acordo com peso, tamanho e sensibilidade do sujeito.
Bueno, depois de dois dias não, chegou o sábado sim. Parti o chocolate e novamente em jejum e botei pra dentro a pscilocibina versão microdosisinha. Senti vontade de chorar e chorei largado o sábado inteiro. De novo, não consegui me concentrar e não fui produtiva. O que, para alguém que queria provar a microdose justamente para instigar a criatividade, era muita ironia do destino. Será que a lua em câncer daquele sábado que me deixou mais sensível ou será que eu devia desistir da micro e partir para a nanodosing? rsrs
Mas, partindo para o que interessa, seguimos analisando o mercado canábico no nosso espaço em Poder360, onde há alguns dias publicamos um artigo sobre a publicidade que por um lado fica cada vez mais sofisticada e por outro, sofre com diretrizes desatualizadas das redes sociais que ainda não avançaram na questão canábica. Aproveitamos para falar sobre uma animação que apresenta um Abraham Lincoln maconheiro e sobre uma peça publicitária da brasileira EaseLabs. Ambas levaram o ouro em diferentes categorias do Clio Awards, um dos prêmios mais importantes da propaganda.
Sem mais delongas, vamos de news?!
☘️ Candidato ao senado americano viraliza com video pró-cannabis
>>> Gary Chambers estreou sua campanha de 2022 para o Senado dos EUA com um anúncio em vídeo curto, mas barulhento. O democrata escolheu uma maneira inusitada de mostrar seu apoio à reforma da cannabis no país, durante os 37 segundos de duração do vídeo, ele fuma um charuto sentado numa cadeira no meio de um pasto. A imagem se espalhou rapidamente pela Internet e chegou à televisão em poucas horas. A cada 37 segundos, uma pessoa é presa nos EUA. Essas prisões representam mais da metade de todas as prisões estaduais e locais por drogas desde 2010. “Os negros têm quatro vezes mais chances de serem presos pela política antidrogas do que os brancos”, diz Chambers no vídeo, prometendo usar sua voz para levar o debate sobre o tema para a legislatura em nome de seus colegas usuários de cannabis. Pra saber mais, tem que ir lá dar uma olhada.
☘️ Maioria dos psiquiatras apoia o uso de psicodélicos, diz pesquisa da Medscape
>>> A maioria dos especialistas em vícios, incluindo psiquiatras, apoia a legalização de psicodélicos para tratamentos terapêuticos, diz a Medscape –instituto de pesquisa e formação de médicos para médicos em todo o mundo, disponível em seis línguas, incluindo o português–, como anúncio de um resultado de estudo lançado no finzinho do ano passado. E isso foi recebido com surpresa pela comunidade. “Pensávamos que especialistas em vícios expressariam mais ceticismo sobre psicodélicos em comparação com os demais dada a cautela anterior de especialistas em vício em relação à legalização da maconha”, observou a investigadora principal do estudo, Amanda Kim. A análise incluiu 145 respondentes –59% de homens com idade média de 46 anos–. Os psiquiatras representavam cerca de dois terços da amostra, o restante especializou-se em medicina interna e familiar. A maioria dos entrevistados teve alguma exposição clínica a psicodélicos e quase 85% relataram discutir uma experiência psicodélica com pelo menos um paciente, no geral, beneficiadas pelo uso terapêutico de psicodélicos. Cerca de 64% concordaram fortemente ou concordaram que os psicodélicos são promissores no tratamento de dependências químicas, e 82% concordaram que são promissores no tratamento de distúrbios psiquiátricos. Os resultados da pesquisa foram apresentados na 32ª reunião anual da American Academy of Addiction Psychiatry (AAAP).
☘️ Aeroporto canadense vai vender maconha para quem tem medo de voar de avião
>>> Aquele medinho de voar e adivinha? Comprar um baseado no aeroporto pra relaxar, por que não? Foi o que os executivos da empresa YXS pensaram quando solicitaram uma licença para operar no aeroporto Prince George com uma loja de cannabis no local. A expectativa é de que com a expedição favorável, esse seja o primeiro aeroporto do mundo a abrir uma loja de varejo de cannabis. Se assim for, ainda este ano, aqueles que passarem pelo aeroporto de Prince George poderão tanto levar de casa ou comprar a erva para viajar em voos nacionais. O negócio é chamado de Copilot e vai funcionar apenas para voos domésticos, já que é ilegal portar cannabis através das fronteiras federais. Os canadenses maiores de idade que viajam dentro do país poderão levar cannabis na bagagem de mão, desde que a quantidade não seja superior a 30 gramas. É a coisa mais civilizada que li esta semana. Parabéns again.
☘️ Mulheres que usam cannabis têm menos probabilidade de desenvolver diabetes
>>> As mulheres que consomem cannabis com frequência são menos propensas a serem diagnosticadas com diabetes mellitus, diz a revista Cannabis and Cannabinoid Research. Pesquisadores da Texas A&M University avaliaram a relação entre uso de cannabis e diabetes em uma amostra nacionalmente representativa de mais de 15.000 adultos. Eles relataram que as mulheres que eram consumidoras frequentes de cannabis tinham menos da metade da probabilidade de serem diagnosticadas com diabetes em comparação com as mulheres não usuárias. Não foram observadas diferenças entre as mulheres que consumiam cannabis apenas ocasionalmente. Os pesquisadores não identificaram uma relação inversa semelhante entre os homens. Eles concluíram: "Mais estudos são necessários para explorar a heterogeneidade baseada no sexo - e os fatores individuais e contextuais responsáveis - na associação entre o uso de cannabis e o diabetes mellitus". Vários estudos anteriores identificaram uma correlação entre o uso frequente de cannabis e menores chances de diabetes na idade adulta, enquanto dados de ensaios clínicos mostraram que a administração de THCV está associada a um melhor controle glicêmico em diabéticos tipo 2. Voltaremos a falar do THCV, o canabinoide associado à perda de peso, nas notas finais do boletim.
☘️ Equilíbrio entre CBD x THC reduz ansiedade
>>> Já falei para vocês, né, sobre a minha predileção por um consumo equilibrado entre CBD x THC, agora há um indicativo científico que pode explicar. Um estudo publicado na revista Addiction Biology levantou resultados interessantes que relacionam a proporção 1:1 (CBD:THC) com menos probabilidades de ansiedade ou outros efeitos adversos. A experiência de usuário tá comprovada, hein? Os participantes do estúdo foram designados aleatoriamente para inalar flores com THC dominante (24% de THC e 1% de CBD), flores com CBD dominante (23% de CBD e 1% de THC) ou flores que contenham proporções quase iguais de THC e CBD (10% de THC e 9% de CBD). Os participantes que consumiram mais THC e aqueles que fumaram a fórmula equilibrada entre os dois tiveram efeitos semelhantes. Entretando, aqueles que consumiram amostras equilibradas têm menos probabilidades de experimentar efeitos negativos, como sentimentos de ansiedade e paranóia. Há uma ideia de que o CBD pode estar associado com uma redução geral da exposição ao THC e pode mitigar os efeitos psicotomiméticos negativos do THC sem diminuir os efeitos do THC de que as pessoas gostam.
☘️ Hospitais da Califórnia agora permitem cannabis para pacientes terminais
>>> Uma nova lei na Califórnia que permite que pacientes terminais recebam cannabis medicinal em hospitais entrou em vigor em 1º de janeiro, informou o North Bay Business Journal. “A Lei de Acesso Compassivo à Cannabis Medicinal” também chamada de Lei Ryan, em referência a Ryan Bartell, que morreu de câncer no pâncreas. Seu pai, Jim Bartell, começou a fazer lobby pela mudança depois que viu o quanto a cannabis havia melhorado o fim da vida de seu filho. Bartell espera que a nova lei ajude milhões de famílias. De acordo com a lei, não é permitido fumar ou vaporizar cannabis em hospitais. Além disso, há proteções para hospitais e cuidadores que podem estar preocupados com o que diz a lei federal, onde a cannabis permanece ilegal como um narcótico da Classe I. Vamos acompanhar os desenlaces dessa história pra ver como essas questões serão resolvidas na prática, já meio de olho para o que pode ser o futuro da cannabis no Brasil. É desalentador ver o nosso país ir ficando para trás nos avanços regulamentares do assunto, mas se desde já acompanharmos o que tem acontecido onde as leis estão se desenvolvendo com certa rapidez, há uma chance de ir de 0 a 100 bem rápido, mas só se, pra variar, fizermos a lição de casa bem feita.
☘️ Estudo de terapia com DMT em humanos é o primeiro a passar para a fase 2
>>> Talvez não haja substância psicoativa mais enigmática e incompreendida do que a N,N-dimetiltriptamina, mais conhecida como DMT. O alucinógeno é conhecido por criar viagens intensas e profundamente metafísicas semelhantes às experiências de quase morte. Pode trazer profundos despertares espirituais e pode até resultar em "morte do ego" que destrói seu senso de espaço, tempo e eu. São muitos os que relatam ter encontrado entidades superiores, extraterrestres, guias, gurus em sua experiência com o DMT. Uma pesquisa com terapia associada à aplicação de DMT em humanos que passou para a fase II descobriu também que tais entidades muitas vezes ajuda no processo terapêutico. O foco principal do trabalho da Small Pharma, farmacêutica responsável pela pesquisa, é combinar DMT com sessões regulares de terapia com o objetivo de ajudar pessoas com depressão grave. Os pacientes não precisam ir para a Amazônia. Em vez disso, são levados para uma confortável sala com iluminação fraca para criar um ambiente relaxante e antes disso, passam por uma terapia inicial para se preparar para a experiência. Então recebem uma dose intravenosa de DMT, e o terapeuta fica quieto com eles durante o passeio por cerca de 25 minutos. Após a viagem, o paciente passa por uma sessão de terapia de integração onde responderá a perguntas e detalhará suas experiências psicodélicas. Essa parte é especialmente importante, já que pesquisas prévias confirmaram que a reflexão sobre a experiência vivida em uma terapia psicodélica faz total diferença na integração dos cliques recebidos durante a sessão.
☘️ Cannabis era alimento tão importante quanto o arroz na China antiga
>>> A descoberta acidental na China central do túmulo de um soldado da dinastia Tang (618-907) no qual foram encontrados vestígios de cannabis confirmou que a planta era uma das bases da alimentação da população naquela época, segundo um novo estudo arqueológico. Publicada há pouco pelo South China Morning Post, comprova que durante esse período de auge máximo da civilização chinesa, a cannabis era utilizada não só para fins estimulantes, medicinais e têxteis, mas também para fins nutricionais. A tumba foi localizada em 2019 durante obras no pátio de uma escola primária em Taiyuan e escondida há 1.320 anos, parecia perfeitamente preservada e com pinturas, murais, objetos e artefatos intactos. Restos de cannabis foram encontrados em um dos potes contendo alimentos básicos da época, incluindo algumas sementes que ainda mostravam sua cor original e eram quase o dobro do tamanho normal. Os pesquisadores acreditam que seja Cannabis sativa, uma variedade nativa da Ásia central com uma concentração menor da substância psicotrópica tetrahidrocanabinol (THC) do que a encontrada na cannabis moderna.
☘️ Produtos de CBD prometem uma coisa e entregam outra
>>> Nem tudo o que você lê nos rótulos de produtos de cannabis é realmente verdade. Mesmo e principalmente nos produtos importados que você traz dos EUA. Há poucos dias, a revista Epilepsy & Behavior afirmou que os produtos com infusão de CBD comercialmente disponíveis geralmente contêm porcentagens de canabidiol que diferem significativamente das informações fornecidas nas embalagens. Uma equipe de pesquisadores afiliados à Escola de Farmácia da Universidade de Wisconsin, nos EUA, realizou análises laboratoriais em uma variedade de produtos de CBD disponíveis no comércio, incluindo óleos infundidos, bebidas e comestíveis. Os produtos de bebidas com infusão de CBD eram os mais propensos a conter porcentagens de CBD diferentes do que prometem. Mais de três anos após a aprovação da legislação federal que legaliza a produção de cânhamo, a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA ainda não definiu regras que regulem a comercialização e a venda de produtos contendo CBD. Já passou da hora do FDA fornecer diretrizes regulatórias supervisionando a produção, teste, rotulagem e comercialização de produtos de CBD, mas em outubro passado, a agência afirmou que não pode avançar com os regulamentos enquanto não tiver acesso a mais dados sobre a segurança de tais produtos, reiterando a posição da agência de que as empresas que comercializam produtos com infusão de CBD como produtos alimentícios ou suplementos alimentares estão violando a Lei de Alimentos, Medicamentos e Cosméticos do país.
☘️ 1 a cada 4 norte-americanos relata ter usado cannabis para fins medicinais
>>> Mais de um em cada quatro norte-americanos relata ter usado cannabis para fins médicos, de acordo com uma pesquisa recente publicada na revista Psychopharmacology. Uma equipe internacional de pesquisadores da Austrália e do Canadá avaliou a prevalência do uso de cannabis medicinal entre mais de 27.000 entrevistados dos Estados Unidos e Canadá. Os participantes do estudo tinham entre 16 e 65 anos. Cerca de 58% dos indivíduos afirmaram ter tido algum tipo de experiência com maconha. Pouco mais de 27% de todos os entrevistados relataram ter consumido cannabis para fins médicos. Aqueles que o fizeram eram mais propensos a ter usado cannabis para controlar a dor (53%), reduzir a ansiedade (52%) ou melhorar o sono (46%). Uma parte dos entrevistados também fez uso de cannabis para compensar sintomas de estresse pós-traumático, enxaqueca e depressão. O uso médico autorrelatado foi maior em jurisdições onde tal acesso é permitido em comparação com locais onde seu uso permanece ilegal.
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Gostaram? Esperamos que sim!! Para conquistar você de vez, essa diquinha esperta: o podcast Seed to CEO, entrega um conteúdo de alta qualidade entrevistando empresários dos mais diversos setores dentro do cannabusiness. Embarque direto neste episódio.
Vem cá, vocês ouviram por aí que a cannabis ajuda a emagrecer? O composto THCV seria o responsável pelo feito. Uma empresa que vende gominhas de cannabis que promete ajudar na perda de peso diz que realizou uma pesquisa com 90 participantes e que 100% deles emagreceu tomando as tais balinhas. O The New York times ficou curioso com os rumores e investigou a respeito.
A notícia do aeroporto com loja de cannabis no Canadá me inspirou, imagina se viajar com cannabis fosse legalize? Enquanto não é assim, este pequeno guia fala sobre viajar com cannabis.
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