Boletim CH#28 ☘️ Cannabis, câncer e covid: tem um lance aí
Novos estudos indicam potencial terapêutico da cannabis para tratamento de covid e alguns tipos de câncer
Buenas, moçada!
Cannabis Hoje tá na área para te contar o que há de mais importante rolando sobre cannabis e psicodélicos no Brasil e no mundo.
Semana começando sem microdosing. Pra quem perguntou, dei uma parada. Penso retomar só aos finais de semana pra poder chorar sem ter que aparecer num zoom com cara de sapo, rs.
Por aqui, tudo firmeza. Com dose extra de carinho do gato da vizinha que vem me visitar diariamente várias vezes por dia. Cá pra nós, ele anda querendo mais a mim que a própria dona… E eu to in lovezinho demais. Até então, eu era nula em gatos issues e virei, olha só, aquela pessoa monotemática que o gato isso, o gato aquilo. Eu tava até estranhando o bicho vir aqui, deitar no sofá e dormir tipo 5 horas seguidas. Pensei que ele tivesse com depressão. Meti até um “como identificar depressão em gatos” no google. Logo me contaram que a vida do gato é causar, pedir comida e dormir. Tendi... por quê mesmo não nasci gato? A piadinha óbvia “mas nasci gata” vou economizar para o bem da nossa relação.
Mas indo ao grano, como se diz, publicamos no nosso espaço em Poder360 um artigo comentando as mais recentes descobertas de pesquisas sobre a relação da cannabis com a covid e também com o câncer. Traz dados interessantes sobre a evolução de estudos sobre o gioblastoma, um tipo de tumor cerebral que responde muito bom bem ao tratamento com cannabis. Tá especial, vai lá!
Outra boa notícia é que finalmente saiu no online da Forbes Brasil a história que publicamos em novembro em sua versão impressa contando a trajetória da família que construiu um império canábico nos EUA. Depois de publicarmos, a história foi publicada em vários outros veículos —maravilhoso, é realmente uma história inspiradora— mas a original é esta aqui ;)
Vamos de news?
☘️ Pesquisa da Unicamp relaciona LSD com criatividade
>>> Deu no blog psicodélico mais querido do Brasil, o Virada Psicodélica, que pesquisadores brasileiros puderam observar, em um estudo realizado pela Unicamp, que há relação entre os efeitos do LSD e a ativação do pensamento simbólico na criatividade. Entre os pesquisadores responsáveis pelo estudo que buscou analisar efeitos da criatividade em pessoas sob uso de LSD estão dois dos maiores especialistas em psicodélicos no país, Luiz Fernando Tófoli e Dráulio Araújo, em parceria com a psicóloga alemã radicada no Brasil, Isabel Weissner, quem acompanhou os 24 voluntários durante mais de dez horas, sem saber quais deles haviam tomado 50mg de LSD e quais tinham tomado placebo. Todos os voluntários foram submetidos a uma bateria de perguntas e testes que incluíam a interpretação de linhas abstratas, a criação de metáforas poéticas, desenho com traço simples e por aí vai. O estudo é provavelmente o mais importante das últimas décadas. "O mais completo certamente é o estudo de longo prazo de Oscar Janiger nos anos 50/60, que acompanhou repetidas sessões de LSD com mais de mil pessoas durante vários anos, incluindo um grupo de artistas que produziu centenas de desenhos analisados", diz Isabel. "Porém, os resultados desse projeto gigante foram reportados principalmente de forma anedótica ou subjetiva, ou tiveram problemas como falta de [controle com] placebo." As descobertas mais importantes do estudo recém publicado no Journal of Psychopharmacology confirmam que o LSD ajuda na criatividade, mas alertam para a queda do senso de organização que os indivíduos experimentaram. Isabel explica com clareza a questão: um músico seria beneficiado pelos efeitos criativos do LSD em uma jam session, mas encontraria certa dificuldade para estudar música sob o efeito da susbtância.
☘️ Impostos de cannabis superaram os de álcool em Massachusetts
>>> Chegou o dia em que a cannabis é mais lucrativa para os cofres públicos que o álcool. Pelo menos em Massachusetts, nos EUA. No ano passado, o estado arrecadou 51,3% de impostos sob o álcool e 74,2% sob a cannabis. Mas isso de quanto? Em setembro de 2021, as autoridades divulgaram uma receita total de 2 bilhões de dólares em vendas de cannabis para uso adulto. Conforme noticiado pela WCVB-TV, o fato de a cannabis ter ultrapassado o álcool em termos de receita tributária, foi bem recebido pelos que argumentam que a planta é menos prejudicial que o álcool e pode ser a substituta ideal em termos financeiros também. Quase 500 milhões de dólares provenientes dos impostos em cannabis foram destinados para o sistema de escolas públicas do Colorado. No ano passado o estado bateu recorde de arrecadação: 423 milhões em dólares. Se por um lado parece animador que o mercado esteja indo tão bem, por outro, fica claro que a indústria está enfrentando desafios para seguir ativa mesmo com tantas taxas e impostos exorbitantes, o que, a gente sabe, é a maneira silenciosa de limitar o crescimento da indústria.
☘️ Falta de serviços financeiros é o grande desafio para a indústria da cannabis nos EUA
>>> Enquanto no Brasil temos um longo caminho pela frente, nos EUA o mercado já está maduro o suficiente para debater o que vai bem e o que nem tanto. A falta de acesso das empresas canábicas a serviços financeiros, por exemplo, é a grande questão que envolve o tema pelas bandas de lá. E é percebida como o maior obstáculo enfrentado pela indústria, de acordo com dados de pesquisa compilados pela Whitney Economics. Os pesquisadores ouviram opiniões de 396 empresas de cannabis licenciadas sobre os desafios existentes no mercado dos EUA e mais de 70% dos entrevistados disseram que a “falta de acesso a capital bancário ou de investimento” era seu principal desafio. Em comparação, cerca de 42% dos entrevistados citaram “regulamentos estaduais” como o fardo mais significativo enfrentado pelo setor e 39% citaram a “influência do mercado ilícito”. As leis e regulamentos federais desencorajam fortemente os bancos e outras instituições financeiras de fazer parceria com empresas de cannabis licenciadas porque a maconha é classificada como uma substância controlada do Anexo I. Em cinco ocasiões distintas, os legisladores da Câmara dos EUA aprovaram uma legislação, a SAFE Banking Act, para alterar as leis bancárias federais, mas o Senado se recusou a debater a questão. De acordo com a pesquisa da Whitney Economics, menos da metade dos entrevistados (42%) está atualmente lucrando e apenas 40% acredita que “o setor está indo na direção certa”.
☘️ Seu psicodélico vai com ou sem alucinação?
>>> Cada vez mais pesquisam mostram que o potencial dos psicodélicos para tratar depressão é algo que veio pra ficar. Mas algumas pessoas se sentem menos à vontade para prová-los justamente por…seus efeitos psicodélicos. Recentemente, pesquisadores chineses projetaram análogos de LSD que parecem ter resolvido a questão. Membros da Academia Chinesa de Ciências e da ShanghaiTech University conseguiram distinguir os caminhos pelos quais essas substâncias exercem os efeitos antidepressivos e as alucinações. Novos compostos projetados com base nesse conhecimento aliviaram a depressão em camundongos sem desencadear alucinações, de acordo com resultados publicados na Science, no fim de janeiro. A descoberta pode acelerar o desenvolvimento de análogos psicodélicos semelhantes para tratar a depressão com mais segurança em humanos, disseram os pesquisadores.
☘️ Fumar maconha impacta os pulmões de forma diferente do tabaco
>>> Um estudo de longo prazo que acompanhou mais de mil participantes descobriu que fumar maconha regularmente pode alterar a função dos pulmões à medida que envelhecemos. Mas, surpreendentemente, a cannabis parece afetar a respiração de uma pessoa de maneira ligeiramente diferente do tabaco. Ao longo da idade adulta, o tabagismo está associado a um declínio progressivo na quantidade de ar que você pode aguentar nos pulmões por um determinado período de tempo. Em comparação, fumar cannabis no estudo atual foi relacionado a maiores volumes pulmonares. Em última análise, os autores descobriram que ambas as alterações levam a resultados finais semelhantes – constrição das vias aéreas que leva à hiperinsuflação e aprisionamento de gás. Um dos principais desafios é separar os efeitos da cannabis do tabaco, já que a maioria dos usuários de cannabis também fuma tabaco.Os participantes incluídos no estudo atual da Nova Zelândia não foram exceção. A maioria era fumante de tabaco e cannabis. “Os usuários de cannabis tendem a fumar muito menos vezes por dia do que os fumantes de tabaco, e os participantes podem não ter fumado cannabis suficiente para ter um efeito mensurável em alguns aspectos da função pulmonar”, observaram os autores da pesquisa.
☘️ Deu um tapa no baseado e vai dirigir? Melhor esperar pelo menos 4 horas
>>> A cannabis pode prejudicar a capacidade de uma pessoa de dirigir até 4 horas após seu uso, de acordo com um estudo recente. "Embora o desempenho estivesse melhorando em 3,5 horas, observou-se que a total recuperação acontece 4,5 horas após", afirmaram os pesquisadores no relatório publicado no JAMA Psychiatry no fim de janeiro. Um grupo de pesquisadores do Centro de Pesquisa de Cannabis Medicinal da Universidade da Califórnia analisou 191 usuários regulares de cannabis e descobriu que fumar maconha levou a pontuações de condução simuladas significativamente diminuídas, de acordo com os autores deste estudo randomizado que durou dois anos. Os participantes receberam um cigarro placebo ou um cigarro de cannabis contendo níveis de 5,9% ou 13,4% de THC. Os pesquisadores descobriram que os participantes do grupo THC mostraram um declínio significativo da capacidade de direção relacionado a uma experiência de direção simulada de 25 minutos. Entre as variáveis de direção estavam provas como seguir um carro enquanto variava velocidades, observando desvios na pista e respondendo a tarefas de atenção dividida. Os pesquisadores disseram no relatório que os participantes hesitaram em dirigir imediatamente após fumar, mas quase 69% dos participantes relataram que estavam prontos para dirigir em 1 hora e 30 minutos após o fumo, configurando um cenário potencialmente perigoso.
☘️ De onde vem a deprê pós MD?
>>> Michael Douglas, Molly ou simplesmente MD. São vários os apelidos que você provalmente já ouviu de alguém que falava sobre o MDMA. E se você tem certa intimidade com a substância, é mais provável ainda que tenha sofrido uma deprezinha no dia seguinte ao consumo. O psicodélico mais amado da nação (pelo menos da minha) é também o mais temido em termos de ressaca. Você já se perguntou por quê é assim para muitas pessoas mas para outras não? O dr. Ben Sessa, psiquiatra e pesquisador psicodélico há 15 anos, já. E publicou os resultados de sua pesquisa há umas semanas na Psychopharmacology. A explicação mais popular é que o MD libera tanta serotonina que no dia seguinte, com as reservas esgotadas, a gente fica só o pó. Mas o estudo do dr. Sessa acredita que a hipótese de esgotamento de serotonina não explica por completo o que acontece. Seu estudo sugere que, em condições clínicas, os usuários de MDMA não apenas se sentem bem depois de tomar a substância, como também se sentem mehores nas horas e dias seguintes. Os fatores que desencadeam uma ressaca daquelas não é a substância em si –a menos que de baixa qualidade ou adulterada–, mas sim seus hábitos de consumo. Misturá-lo com álcool ou outras substâncias, redosificação várias vezes em uma mesma noite e after após de after dançando sem parar são os prováveis responsáveis por te derrubar desse jeito que você não quer nem lembrar. Falemos em redução de danos, então. Para evitar, é preciso ficar ligado para consumir substância de qualidade, sem misturar com outras, dormir bem antes e depois e não sair por aí dançando como se não houvesse amanhã. Em termos de dose, o dr. Sessa explica que até 120 miligramos são uma dose inicial boa. Se for redosificar, sempre com o mínimo de duas horas de intervalo e nunca com mais da metade da quantidade consumida antes.
☘️ Por quê a Amazon está tão interessada em apoiar a legalização federal da cannabis nos EUA?
>>> Vira que a Amazon, o segundo maior empregador privado dos EUA, está apoiando um projeto de lei liderado pelos republicanos no país para legalizar, tributar e regular federalmente a cannabis? A empresa assumiu seu lado na questão uns meses atrás, mas agora deu mais um passo importante. A divisão de políticas públicas da empresa disse que está “satisfeito em endossar” a proposta de Nancy Mace, que apresentou a Lei de Reforma dos Estados em novembro como uma alternativa para propostas amplas de projetos de legalização defendidas pelos democratas. “Como muitos neste país, acreditamos que é hora de reformar a política nacional de cannabis e a Amazon está comprometida em ajudar a liderar esse esforço”, disse a empresa, que anteriormente expressou apoio a um projeto de legalização separado liderado pelos democratas. A Amazon trabalhou para se adaptar às mudanças nas políticas internas de cannabis para acabar com os testes de detecção de cannabis para a maioria dos trabalhadores. A congressista se reuniu com a Amazon e recebeu o endosso da empresa, informou a Forbes. E para quem pensa que o interesse da companhia está em uma possível entrada na indústria, se engana. “Eles não estão interessados em vender a erva”, disse Nancy, acrescentando que a Amazon está interessada principalmente em apoiar a reforma para poder contratar mais facilmente, já que a legalização federal da cannabis nos EUA aumentaria em 10% as possibilidades de contratação.
☘️ Usuários de cannabis são menos motivados que os não usuários? Parece que não é bem assim
>>> Os consumidores regulares de cannabis são mais propensos a se envolver em tarefas de tomada de decisão com alto nível de esforço do que os não usuários, de acordo com dados publicados na revista Experimental and Clinical Psychopharmacology. Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Memphis avaliou a motivação em uma amostra de 47 estudantes universitários –25 consumidores frequentes de cannabis e 22 que não consomem a substância–. Os sujeitos completaram uma série de testes comportamentais que forneceu aos participantes escolhas entre tarefas de diferentes graus de dificuldade e recompensas. Os investigadores relataram que os indivíduos que consumiam cannabis com mais frequência também eram os mais propensos a selecionar tarefas que exigiam maiores quantidades de esforço. “Os resultados fornecem evidências preliminares sugerindo que os estudantes universitários que usam cannabis são mais propensos a despender esforços para obter recompensas. Assim, esses resultados contradizem a hipótese de que a cannabis causa uma “síndrome amotivacional”. As descobertas da equipe são consistentes com as de outros estudos recentes que refutam alegações de longa data de que aqueles com histórico de uso de maconha perdem motivação.
☘️ Delta-8 é tipo o THC, mas com menos paranóia
>>> Já falamos aqui sobre o delta-8 THC ou "delta 8", um composto derivado do cânhamo que está relacionado ao THC por também ser psicoativo. Assim como o THC, o delta-8 pode ser vaporizado ou ingerido. No entanto, raramente é fumado, já que as concentrações naturais de delta-8 na cannabis são muito baixas para que seja efetivamente fumada em flor. Ele precisa ser extraído de grandes quantidades de material vegetal, transformado de outro canabinóide como o CBD ou sintetizado quimicamente. A propósito, o DEA considera ilegal o delta-8 THC sintetizado artificialmente. Não obstante, a venda de produtos com o canabinoide foram um dos setores de mais rápido crescimento da indústria do cânhamo, popular especialmente em estados onde o THC segue ilegal. Um estudo publicado no Journal of Cannabis Research no começo do ano com 500 participantes de 38 estados americanos, sugere que o delta-8 oferece benefícios similares aos do THC, mas com menos paranóia. Comparado ao THC, o delta-8 parece fornecer níveis semelhantes de relaxamento e alívio da dor. Embora pareça causar níveis ligeiramente mais baixos de euforia, com menos distorções cognitivas como sensação alterada de tempo, problemas de memória de curto prazo e dificuldade de concentração. Muitos participantes comentaram como poderiam usar delta-8 THC e ainda ser produtivos além de muito menos propensos a experimentar estados mentais angustiantes, como ansiedade e paranóia.
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Por hoje é isso, pipol. Vamos nos despedindo, mas, antes, viram que a Tailândia se tornou o primeiro país da ásia a descriminalizar a cannabis? E que a PepsiCo, gigante dos refrigerantes, entrou no jogo, e lançou uma bebida energética com CBD? E pra finalizar, vou compartilhar com vocês uma descoberta recente: assim como a cannabis, os cogumelos mágicos —aqueles que contém psilocibina— também têm várias cepas. Aqui, de presente, uma bela fonte de informações a respeito.
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Beijos e abraços,
Anitinha