Boletim CH#34 ☘️ Novas oportunidades na cannabis
Maior evento do setor no Brasil reuniu figuras de destaque e foi palco de debates sobre novas possibilidades de negócios
Bom dia, minha gente! Como vocês estão?
Por aqui, tudo corrido e lindo <3
Alguém aí deve ter notado que pulamos a publicação de uma edição — que devia ter saído no começo de maio —, e só voltamos a publicar hoje, depois de uma lacuna de quase um mês. Primeira vez em mais de um ano de newsletter que isso acontece. Sempre fiz questão de manter a periodicidade da news ainda que sob vendavais, tempestades ou outras intempéries emocionais. Mas desta vez não rolou mesmo. E vocês vão me perdoar, porque foi por um ótimo motivo.
No fim de abril eu saí da minha casinha aqui no paraíso majorero e viajei ao Brasil a convite do pessoal do Sechat, que me chamou para mediar o painel “Panorama de Novos Negócios e Oportunidades na Cannabis” no Medical Cannabis Fair, maior evento da indústria no Brasil.
Fiquei mais feliz que pinto no lixo de estrear como mediadora num bate-papo entre gente que manja muito do setor: Maria Eugênia Riscala (Kaya Mind), Dra. Jackeline Barbosa (Médica prescritora e coordeadora da pós em cannabis, da Inspirali), Marcelo de Vita Grecco (The Green Hub), Marcelo Galvão (Tegra Pharm) e Danilo Lang (Cannabis Empregos). Quem perdeu a chance de acompanhar o papo ao vivo, pode dar uma olhada nos highlights que destaquei no artigo publicado no Poder360.
Aliás, aproveita para visitar este outro artigo, em que falo sobre as recentes descobertas sobre a atuação da psilocibina em tratamentos de depressão, que publiquei há algumas semanas e não tive tempo de publicitar com esse tanto de onda, uma atrás da outra, que eu tô amando surfar :)
Também temos reportagem especial publicada na edição de maio da Forbes. Nas 7 páginas dedicadas a cannabis — e maior reportagem da edição — conto de onde vem e para vai o dinheiro da cannabis no Brasil, elencando figuras inovadoras e pioneiras no levantamento e gestão da grana que coloca de pé empresas canábicas no país. Por enquanto, só está disponível nas bancas e no app da revista. Deve entrar no online daqui um mês e pouco. Mas já vim aqui contar pra vocês, senão corre o risco de acontecer de novo de outra revista ler a reportagem, copiar, e publicar um requentado dando como exclusiva rsrs.
Tenho outras novidades que melhor deixar para os próximos boletins, que esse aqui tá ficando enorme e ninguém merece, né?
Uma última coisinha… Logo no primeiro dia de volta à minha amada Fuerteventura, comecei a ter umas cólicas chatinhas demais, e pela terceira vez na vida, recorri ao uso tópico do óleo de CBD (20%) para cólicas menstruais. Das outras duas vezes, pinguei 3 gotas abaixo do umbigo, fiz massam circular e te juro, como num passe de mágica, a dor desapareceu. Repeti a dose e o efeito, novamente, foi imediato. Não sou médica nem tô prescrevendo nada, apenas compartilhando com vocês o que testei e funcionou. Se alguém mais tiver experiências de uso de cannabis no trato reprodutor feminino, porfis, compartilha comigo ;)
E bora de news!
☘️ Governo tailandês vai doar 1 milhão de plantas de cannabis (com >0,02% de THC)
>>> Nos últimos meses, a cannabis se tornou a “arma secreta” da Tailândia, que tenta passar uma imagem de país amigo da maconha e de quebra revitalizar a indústria de turismo. São vários os progressos dos últimos meses em relação a erva. Em fevereiro deste ano, anunciaram que a cannabis e o cânhamo seriam removidos da lista nacional de narcóticos – tornando-se o primeiro país da Ásia a descriminalizar de fato a planta. Na semana passada, o Ministério da Saúde Pública da Tailândia anunciou que três tipos de óleo de cannabis foram considerados medicamentos essenciais, o que permite que médicos de quase 900 hospitais públicos prescrevam livremente óleo de extrato de cannabis a seus pacientes sob certas circunstâncias, com os custos cobertos pelo governo. Há alguns dias, outra notícia alçou o país às manchetes de jornais como o The New York Times: o governo vai distribuir 1 milhão de pés de cannabis entre a população a partir de 9 de junho. Mas, apesar da abordagem aparentemente progressiva da Tailândia à cannabis, colocando-a entre as jurisdições mais inovadoras do mundo quando se trata da substância, a realidade é muito mais confusa para os possíveis consumidores. Embora os cidadãos possam cultivar quantidades ilimitadas, o uso recreativo ainda segue proibido. Extratos de cannabis contendo mais de 0,2% de THC – o elemento psicoativo – permanecem na lista de narcóticos.
☘️ Cannabis? É que eu quero evitar a fadiga
>>> Pesquisadores da Universidade do Novo México descobriram em um estudo inédito e em larga escala que o uso de cannabis resulta na melhora imediata da sensação de fadiga na maioria dos consumidores. A fadiga é uma característica central de muitos tipos de doenças, e vários estudos mostraram que pessoas com dor crônica, câncer, doença de Parkinson e esclerose múltipla relatam níveis aumentados de energia após consumir cannabis medicinal, disseram os pesquisadores em um comunicado à imprensa. O estudo com 1124 pessoas descobriu que os consumidores de cannabis experimentaram uma melhora de 3,5 pontos em uma escala de 0 a 10 após a combustão da flor de cannabis e que 91% dos participantes relataram melhora nos sintomas de fadiga. O coautor do estudo e professor associado Jacob Miguel Vigil, do Departamento de Psicologia da UNM, disse que os resultados da pesquisa são contrários às “crenças convencionais de que o uso frequente de cannabis pode resultar em diminuição da atividade comportamental, busca de objetivos e competitividade, ou o que os acadêmicos chamaram de 'síndrome amotivacional'”. Outro dado interessante extraído desta análise é que o THC e o CBD não estavam correlacionados com as mudanças na sensação de fadiga, o que sugere que outros canabinóides e fitoquímicos menores, como terpenos, podem ser mais influentes nos efeitos do uso de cannabis do que se acreditava anteriormente.
☘️ Estudo confirma que a cannabis pode ser útil no tratamento de insônia
>>> Quem nunca passou uma noite em claro não sabe da missa a metade. A insônia pode aparecer pontualmente ou ser companheira fiel das noites de muita gente. Nas insônias que mais persistem, a cannabis pode ajudar, mas não se sabe ao certo quanto. Embora os insônes sejam ativos consumidores de cannabis, há pouco ou quase nenhum estudo que relacione a utilização da cannabis em tratamentos para a insônia. Mas um estudo publicado na BMC Psychiatry esclareceu um pouco mais a questão. Os pesquisadores usaram um aplicativo para rastrear usuários de cannabis para insônia causada por depressão, ansiedade ou ambos, e descobriram que a cannabis foi eficaz em todos os grupos e que isso ocorria, sobretudo, com cepas da espécie sativa. Interessante que justo a sativa, quando corre a boca pequena que na verdade as indicas seriam as mais soníferas. O que diz a sua experiência, amigue?
☘️ Argentina regula cannabis medicinal e industrial enquanto o recreativo vai pelas brechas da lei
>>> Um momento histórico para a cannabis na América Latina: no último dia 6 de maio, com 155 votos a favor, 56 contra e 19 abstenções, a Câmara dos Deputados Argentina aprovou em um debate histórico a lei que cria um marco regulatório para o desenvolvimento da indústria da cannabis medicinal e do cânhamo industrial. Com esta nova lei, buscará criar uma estrutura regulatória para o investimento público e privado na indústria nascente de cannabis e completar os regulamentos atuais sobre cannabis medicinal. Além disso, será criada uma agência reguladora, a ARICCAME (Agência Reguladora do Cânhamo e da Cannabis Medicinal), que vai regular a importação, exportação, cultivo, produção industrial, fabricação, comercialização e aquisição de sementes, da planta de cannabis e seus produtos derivados para fins medicinais ou industriais. O consumo recreativo ficará em uma zona cinza, mais ou menos como o que acontece na Espanha, onde essa brecha alegal permite o funcionamento de clubes canábicos – dispensários da erva com alto teor de THC – por todo o país. Será que em uns meses Buenos Aires vai estar repleta desses clubes? Acompanhando de pertinho…
☘️ Senadores dos EUA pressionam FDA por mais pesquisas com psicodélicos
>>> Por mais que pipoquem evidências de que os psicodélicos são de grande ajuda no tratamento de várias aflições mentais, oferecendo baixíssimo risco aos pacientes, estamos há alguns bons anos de poder contar com elas legalmente. O estrago do proibicionismo e da guerra às drogas só dificultaram as coisas. E agora é hora de reaver os espaços e direitos que foram suprimidos da sociedade nas últimas décadas. Cientistas, médicos e pacientes começam a se organizar para lutar pela causa, mas é nas instâncias legislativas que mudanças reais têm mais chance de acontecer. Os senadores norte-americanos Brian Schatz e Cory Booker são um bom exemplo de como os políticos podem se organizar em prol do acesso e da pesquisa psicodélica. Em uma carta enviada aos chefes dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) e da Food and Drug Administration (FDA) na semana passada, os senadores disseram que as agências deveriam garantir uma abordagem abrangente, rigorosa e deliberativa baseada na ciência para o estudo dos psicodélicos, no desenvolvimento potencial de medicamentos e terapias derivadas dessas substâncias. Os dois senadores, sabendo o peso que têm, pediram, ainda, que as agências expandam ainda mais seu papel na identificação de lacunas de pesquisa, usos terapêuticos potencialmente promissores de psicodélicos e obstáculos regulatórios no campo da pesquisa psicodélica. “A pesquisa sobre psilocibina para depressão grave e transtornos relacionados à ansiedade, bem como MDMA para TEPT, está atualmente sendo apoiada principalmente por pequenas organizações que não têm financiamento adequado para desenvolver medicamentos por meio de estudos de segurança caros e ensaios clínicos de fase 3 em larga escala. Um desafio importante agora é projetar o ensaio clínico ideal para demonstrar a eficácia, garantir a segurança e a conformidade com as autoridades regulatórias e garantir o financiamento necessário para apoiar ensaios em larga escala”, diz um trecho da carta. Enquanto isso no Brasil… você já ouviu a voz de algum senador defendendo cannabis e psicodélicos?
☘️ Número de jovens que consomem maconha não aumentou após a legalização no Uruguai
>>> Regulamentar a venda de cannabis para seu uso recreativo – com alto teor de THC – não faz com que mais jovens comecem a fumar maconha. E isso não sou eu quem está falando, mas um estudo realizado no Uruguai, sobre a experiência do país pioneiro na regulamentação da erva no mundo. De acordo com dados publicados na revista Addiction, uma equipe internacional de pesquisadores do Chile, Estados Unidos e Uruguai avaliou as tendências de uso de cannabis no Uruguai após a legalização, ocorrida, na prática, em 2017, por adolescentes entre 12 e 21 anos. Consistente com estudos anteriores, os pesquisadores não relataram mudanças significativas nos padrões de uso de cannabis entre adolescentes ou adultos jovens. Entre os menores de 18 anos, o uso de maconha caiu após a legalização. Entre as idades de 18 a 21 anos, o uso de cannabis aumentou inicialmente, mas depois diminuiu.
☘️ A psilocibina é uma das substâncias psicoativas mais seguras e com menos reações
>>> Uma análise sobre os resultados da Global Drug Survey de 2017, uma grande pesquisa internacional sobre substâncias psicoativas, sugere que a psilocibina é relativamente segura, com apenas 0,2% dos usuários de cogumelos mágicos que procuraram atendimento médico de emergência após o uso. As descobertas, publicadas no Journal of Psychopharmacology, sugerem que esses incidentes adversos são mais frequentemente de natureza psicológica e resolvidos em 24 horas. A psilocibina induz um estado de alteração da mente quando ingerida, e embora a substância seja considerada bastante segura em comparação com outros psicoativos, possíveis reações adversas podem incluir ansiedade, paranóia e ataques de pânico. Evidências anteriores sugerem que os cogumelos contendo psilocibina são relativamente seguros, especialmente em relação à toxicidade fisiológica. Neste estudo, com quase 10 mil pessoas, das quais 19, ou os tais 0,02%, disseram ter sentido ansiedade (68%), paranóia (68%), e ter ouvido coisas (42%). Ainda assim, ocorreram algumas reações físicas preocupantes, com 37% relatando desmaio, 32% relatando dificuldade para respirar e 26% relatando convulsões. Oito dos entrevistados que foram parar na emergência e todos eles, exceto um, disseram que voltaram ao normal em 24 horas.
☘️ Cannabis retarda processo de envelhecimento e aumenta a vida útil das abelhas
>>> Uma nova pesquisa da Polônia descobriu que abelhas suplementadas com extrato de cânhamo envelhecem mais lentamente do que aquelas que mantêm uma dieta normal. O estudo dividiu as abelhas em três grupos, um experimental suplementado com tiras de algodão embebidas em extrato de cânhamo, outro grupo experimental com xarope de cânhamo e um grupo controle alimentado com água e açúcar. Os pesquisadores coletaram amostras de hemolinfa no primeiro dia do estudo e a cada semana até que todas as abelhas morressem, então examinaram as abelhas mortas. E observaram que “as atividades de todas as enzimas antioxidantes foram maiores para os grupos experimentais que utilizaram cannabis, em comparação com as do grupo controle”. A suplementação com cânhamo também aumentou a vida útil das abelhas, de 35 para 49 e 52 dias para os grupos de cannabis em tiras e em xarope, respectivamente. O extrato de cânhamo aumentou as atividades das principais enzimas antioxidantes que protegem os organismos das abelhas contra os radicais livres e, assim, retardam os processos de envelhecimento. Obviamente, humanos e abelhas são um pouco diferentes e pode ser que a coisa não funcione tal qual nos humanos, então, como quase sempre, precisamos de mais estudos sobre o assunto para poder ter uma ideia mais clara. No que se refere às abelhas, os resultados, no entanto, são notáveis. Não é segredo que a população global de abelhas está diminuindo e que isso pode levar a efeitos catastróficos nos ecossistemas do mundo.
☘️ UFRN testa DMT em formato spray e injeção intramuscular para depressão
>>> Depois da escetamina em spray – psicodélico à venda há alguns meses nas farmácias do Brasil e do mundo – pesquisadores estão em busca de outras substâncias que poderiam ser utilizadas em formato spray, que garante ação rápida, sem que o paciente tenha que passar horas em uma sessão psicodélica para tratar depressão grave, por exemplo. Segundo informações do blog Virada Psicodélica, o Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte está a pleno vapor para testar a vaporização do DMT, principal molécula da ayahuasca. O estudo feito em parceria com a canadense Biomind Labs é capiteano por Dráulio Araújo, um dos principais estudiosos da ayahuasca no Brasil. Além de testar a vaporização do DMT, com efeitos que duram em média 15 minutos, a equipe de Dráulio também testará injeções intramusculares, com durabilidade de uma hora. A equipe de estudos conta com cerca de 20 profissionais está em fase de recrutamento dos pacientes deste estudo que deve durar um ano.
☘️ Arrecadação de impostos sobre a cannabis é maior que sobre o álcool na maioria dos Estados americanos
>>> Há uns meses, contamos pra vocês que em Massachussets os impostos sobre a cannabis superaram os do álcool. E agora, descobriu-se que, na verdade, a maioria dos estados que legalizaram a cannabis para consumo recreativo nos EUA recebe mais receita tributária advinda das vendas de maconha do que das vendas de álcool. O relatório, do Instituto de Tributação e Política Econômica, publicado há um mês, afirma que os 11 estados onde a maconha é legalizada arrecadaram quase US$ 3 bilhões em impostos sobre a maconha em 2021, e US$ 2,5 bilhões sobre consumo de álcool ou lucros de lojas de bebidas. O mercado de maconha legal em rápido crescimento da Califórnia gerou US$ 832 milhões em impostos especiais de consumo, cerca do dobro das vendas de álcool. As receitas da maconha no Colorado geraram US$ 396 milhões para o estado, quase oito vezes mais do que os impostos sobre o álcool. Os impostos sobre a maconha também eclipsaram os impostos sobre o álcool em Illinois, Massachusetts, Washington, Arizona e Nevada. “Esta ainda é uma pequena parte dos orçamentos estaduais, mas é uma área que cresce muito rapidamente. Não há muitas fontes de receita que crescem ano após ano. Esta tem sido uma tendência de vários anos”, disse Carl Davis, um dos autores do estudo do ITEP.
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Ficamos por aqui, amigue, mas não sem antes de te dar uns dados. A rede de dispensários Star Buds da Schwazze é a primeira marca de cannabis a patrocinar uma equipe esportiva profissional depois de fazer parceria com o Colorado Summit, uma nova franquia da American Ultimate Disc League.
Segundo a BBC, o prefeito de Londres, Sadiq Aman Khan, convocou reunião para tratar da legalização da cannabis, depois de uma visita a um dispensário na Califórnia que, segundo suas próprias palavras, foi fascinante.
Para as mães que vira e mexe vêm me perguntar se pode ou não fumar maconha nos meses – ou anos – de amamentação, vale dar uma olhada neste artigo em que uma lactante testa o THC no leite materno.
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Anita