Boletim CH#36 ☘️ A elite brasileira abraça a cannabis
Executivos e empresários de empresas como Albert Einsten, Itaú, Visa e Santander apostam milhões na indústria canábica
Olar, pessoal!
Tudo bem? Por aqui tudinho.
Trabalhando loucamente mas trabalhando especialmente feliz esta semana. É que uma amiga veio me visitar aqui na ilha e tudo ficou mais colorido. Carolina, Carol, Carol, Carolina bela <3
Entre reportagens, podcasts, colunas, cannabis e psicodélicos, fui convidada para integrar a sala de roteiro e a equipe de produção da segunda temporada da série da Amazon sobre Gilberto Gil e família. Felizona demais, demais. O trampo é intenso, e minha alegria, desbordante. Estou maravilhada, agradecida, apaixonada. Aho!!!
Conforme vá podendo comentar coisinhas secretas, eu conto, tá? Por enquanto, posso compartilhar as datas da tour onde gravaremos a segunda temporada que será tão emocionante quanto a primeira ;)
Agora… saltando para o nosso assunto preferido… O que a Visa, o Itaú Unibanco, o Santander Brasil, o BTG Pactual, os hospitais Albert Einstein e Oswaldo Cruz, a Bayer e até a ANVISA têm em comum? Pelo menos um executivo de cada uma dessas organizações caiu nas graças da cannabis. Sim, a elite financeira do Brasil está apostando na planta com variados – e comprovados, inclusive pela OMS – usos terapêuticos. Vem comigo, que eu te conto essa história nos mínimos detalhes em reportagem especial para o Estadão.
Na nossa coluna em Poder360, discutimos o turismo canábico, que segundo cálculo da Forbes, atingiu o valor de 17 bilhões de dólares nos EUA. Discutimos o que acontece por lá, mas também o que acontece no nosso vizinho Uruguai, onde um brasileiro, claro, está movendo mundos e fundos para alavancar o setor na América Latina.
Mais uma coisinha, amanhã estaremos ao vivo na página do Cannalize no IG batendo um papo massa com o pastor Henrique Vieira, sobre cannabis e espiritualidade. Aparece lá, faz pergunta, participa :) Será às 14h30.
Ufa, agora sim, vamos de news!
☘️ Maconha ilegal segue existindo mesmo após a legalização
>>> A maconha legal está se tornando cada vez mais acessível. Ainda assim, em países como os EUA e o Canadá, onde existem mercados legais, as vendas de maconha no mercado negro seguem existindo. De acordo com uma nova pesquisa, o maior fator determinante é o preço. A pesquisa, realizada entre 2019-2020 e publicada no Journal of Studies on Alcohol and Drugs, entrevistou 12.000 usuários de cannabis no Canadá e nos EUA e descobriu que o preço superou a conveniência, que é a segunda principal razão pela qual as pessoas continuam optando pela maconha ilegal. Tanto em 2019 quanto em 2020, a principal barreira mais comumente citada em relação à compra legal de cannabis foi o preço para 35% dos respondentes no Canadá e 27% deles nos EUA.
☘️ Canadá anuncia descriminalização de drogas válida a partir de janeiro do ano que vem
>>> O governo canadense anunciou a descriminalização temporária do porte de pequenas quantidades de drogas ilegais na Colúmbia Britânica, enquanto a província enfrenta a maior taxa de mortes por overdose do país, informou o New York Times. Tudo que esteja abaixo de até 2,5 gramas no total de opióides, incluindo cocaína, MDMA e metanfetamina, passa batido. As reformas entrarão em vigor em 31 de janeiro de 2023 e permanecerão em teste por três anos. A Colúmbia Britânica declarou as mortes relacionadas a drogas uma emergência de saúde pública em 2016 e, desde a pandemia, o uso de opioides na província causou um recorde de mortes, 2.224 delas apenas em 2021. A taxa é uma das mais altas per capita da América do Norte.
☘️ Empresa apoia microdosagem de psicodélicos entre funcionários
>>> Você já ouviu falar de café com cogumelos? Existem várias empresas de café com cogumelos no mercado que nasceram com uma missão: substituir o café. Algumas ofertas contam com tipos especiais de fungos que supostamente aumentam a energia e aumentam a clareza. Parecido com a cafeína, mas sem aquela ansiedade. A marca de café com cogumelos MUD\WTR apoia os funcionários que desejam microdosar cogumelos mágicos no trabalho. O CEO da marca, Shane Heath em entrevista à Fast Company exemplificou que o uso de drogas nas formas de álcool e cafeína já é comum e até incentivado em muitos escritórios. “Refletindo sobre como a microdosagem de psilocibina impactou minha vida de uma maneira muito mais positiva do que a cafeína ou o álcool jamais poderiam ter feito, decidi fazer uma declaração aberta à nossa equipe”, disse. O empresário é taxativo ao lembrar que a microdosagem não é obrigatória ao mesmo tempo em que estima que cerca de 20% dos funcionários da empresa participem, incluindo ele próprio, claro.
☘️ Os terpenos podem ser altamente eficazes na formulação de analgésicos
>>> Os terpenos são conhecidos há muito tempo por seu papel em óleos essenciais, e têm sido cada vez mais explorados por pesquisas que mostram que uma mistura específica de terpenos podem mudar a maneira como uma pessoa pensa e sente. Um grupo de pesquisadores da Universidade do Arizona concluiu recentemente que os terpenos podem ser altamente eficazes no desenvolvimento de analgésicos, especialmente porque são mais seguros do que os analgésicos tradicionais. Os terpenos são baixos na escala de toxicidade e apresentam poucos efeitos colaterais. Anos atrás, cientistas descobriram que certos terpenos encontrados na cannabis podem ter como alvo o receptor canabinóide CB1 específico do THC e o receptor adenosina A2a relacionado à inflamação no corpo humano. Para este estudo, os pesquisadores se concentraram em terpenos como β-mirceno, geraniol e limoneno para determinar seus benefícios e efeitos diretos. Descibriu-se que o limoneno (encontrado principalmente em frutas cítricas e cannabis) possui fortes propriedades anti-inflamatórias e ansiolíticas, mas não havia evidências como analgésico. Por outro lado, o geraniol (comumente encontrado em muitas frutas, vegetais e ervas) está associado a propriedades anti-inflamatórias, anticancerígenas e anti-dor. Quando os pesquisadores combinaram os terpenos com canabinóides, descobriram o alívio da dor sem efeitos colaterais prejudiciais.
☘️ Geração Z prefere a cannabis ao álcool
>>> As gerações mais jovens estão crescendo em tempos realmente novos. Preocupações como a pandemia, o aquecimento global e o acesso a um fluxo interminável de informações reorganizaram suas prioridades, fazendo a Geração Z se destacar de suas antecessoras. E quando se trata de cannabis, eles também são os primeiros a crescer em um ambiente de consumo legal. De acordo com uma nova pesquisa, essa experiência impactou suas preferências pelo uso de determinadas substâncias. Conduzida pela New Frontier Data, a pesquisa revelou que 69% dos participantes com idades entre 18 e 24 anos disseram preferir a cannabis ao álcool. À medida que os participantes envelheceram, sua preferência pela cannabis diminuiu, talvez indicando o impacto da legalização para os jovens e como isso pode afetar as tendências futuras no consumo e no marketing de substâncias.
☘️ A cannabis atrapalha relacionamentos amorosos?
>>> Olha que interessante, será que você se reconhece? Usuários de cannabis tendem a pensar que gerenciam bem os conflitos em relacionamentos românticos e acabam não reconhecendo dinâmicas potencialmente problemáticas, sugere um estudo publicado há pouco na revista Drug and Alcohol Dependence. No estudo, 145 casais em que pelo menos um parceiro usava cannabis relataram com que frequência usavam a substância e quão satisfeitos estavam em seu relacionamento. Os casais foram filmados em uma discussão de 10 minutos sobre um dos principais tópicos fontes de conflito, durante a qual os pesquisadores mediram sua resposta fisiológica ao estresse por meio da frequência cardíaca e da respiração. Os casais então tiveram uma discussão de cinco minutos sobre algo em que estavam de acordo. Depois, os pesquisadores perguntaram como eles achavam que as conversas foram e quão satisfeitos eles estavam com a resolução de conflitos. Dois conjuntos de avaliadores treinados observaram os vídeos e avaliaram o comportamento de conflito de cada parceiro, incluindo evitar (desviar, contornar ou ignorar áreas de desacordo) e engajamento negativo (fazer exigências de mudança, criticar ou culpar). Os pesquisadores descobriram que os participantes que usavam cannabis com mais frequência, indicando capacidade reduzida de responder de forma flexível ao estresse. Eles também emitiram mais críticas e demandas, evitaram conflitos durante a discussão e foram menos capazes de se reorientar para uma discussão sobre os aspectos positivos de seu relacionamento. Paradoxalmente, quando questionados sobre o que acharam da conversa sobre o conflito, os usuários de cannabis relataram maior satisfação com a forma como o conflito foi resolvido e não se perceberam como tendo usado estratégias de demanda ou evitação. Exatamente o oposto do que os avaliadores independentes encontraram. Pesquisas futuras precisariam estabelecer uma relação causal entre o uso de cannabis e os comportamentos descritos no estudo. Como em qualquer estudo observacional não experimental, é importante notar que as descobertas deste estudo são correlacionais e não necessariamente efeitos causais da cannabis nos processos de relacionamento ou vice-versa.
☘️ Alta dosagem de CBD não afetou direção simulada
>>> Uma equipe de pesquisadores australianos avaliou o impacto de diferentes dosagens de CBD (variando de 15mg a 1500mg) versus placebo em 17 indivíduos e aplicaram a eles uma série de testes de direção simulados em aproximadamente uma hora e quatro horas após a dosagem. E chegaram à conclusão de que administração oral de até 1.500 mg de CBD não induza à sonolência e não está associada a alterações no desempenho de direção simulada. Publicado no Journal of Psychopharmacology, o estudo avaliou separadamente o desempenho cognitivo dos indivíduos em uma variedade de tarefas computadorizadas e questionaram os participantes sobre se eles se sentiram sonolentos ou sedados durante o estudo. A conclusão a que chegaram os pesquisadores é que a administração de CBD não estava associada a quaisquer outras mudanças significativas no desempenho de direção simulado. Os participantes também não mostraram diferenças significativas na função cognitiva ou em seus sentimentos subjetivos de bem-estar após a dosagem de CBD.
☘️ Agente imobiliário canábico deve ser uma das profissões do futuro
>>> Vamos dar uma volta pelo futuro? No caso, o presente dos EUA, onde já uns anos à frente na regulamentação da cannabis, pipocam serviços auxiliares. Como um novo negócio possível na crescente indústria de cannabis do país: o setor imobiliário. O 420 Property nasceu em 2016 e desde então se tornou a principal plataforma para produtores, dispensários, varejistas e distribuidores encontrarem espaço para seus negócios. Com 18 Estados mais Washington DC legalizados integralmente, o setor se aquece rapidamente. Armazéns são buscados pela maioria dos produtores, pois não precisam de muitas das instalações de outros processos industriais. Já os dispensários médicos e os varejistas recreativos estão buscando estabelecer seus negócios em um local especial, e que proporcione sobretudo segurança – por conta do alto valor dos produtos que comercializam. Quando se trata de instalações de cultivo ao ar livre, a localização é de longe o fator mais importante. Mesmo com certa dificuldade para estabelecer um negócio imobiliário relacionado com cannabis, o 420 Property cresce pouco a pouco. Uma bela fonte de inspiração, né?
☘️ Estudo explica ação rápida da cetamina para depressão
>>> A cetamina é o velocista dos antidepressivos e funciona em poucas horas em comparação com os antidepressivos mais comuns que podem levar várias semanas. Isso é o que nos conta um estudo publicado no mês passado, pela Nature, mostrando como e porque a cetamina funciona de maneira muito mais rápida para a depressão do que antidepressivos tradicionais. De acordo com o estudo, a cetamina pode funcionar em poucas horas enquanto os SSRIs clássicos (antidepressivos inibidores seletivos da recaptação da serotonina) podem levar semanas para agir, tempo necessário para a criação de novos neurônios – que estaria ligada à diminuição dos sintomas de depressão. A evidência mais interessante encontrada no mês passado mostra que a cetamina segue um caminho diferente, aumentando a atividade dos neurônios existentes, em vez de esperar pela geração de novos deles.
☘️ Maconheiros são mais empáticos e sociais, diz estudo
>>> Será que usuários de cannabis são menos motivados por dinheiro? Ainda não dá para afirmar. O que sim, dá, é que esta foi a dúvida que inspirou um estudo da Universidade do Novo México, liderado por Jacob Vigil sobre cannabis e socialização. O novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade do Novo México descobriu que os consumidores de cannabis com THC – sim, os maconheiros – mostraram mais empatia, comportamentos pró-sociais e tomada de decisões morais do que os não consumidores. “Consumo de cannabis e prosocialidade”, publicado na revista Scientific Reports foi realizado com 146 voluntários com idades entre 18 e 25 anos, e revelou que indivíduos com THC em seu sistema tiveram pontuação mais alta do que os não usuários em comportamentos pró-sociais, quociente de empatia, inocência moral e medidas de justiça moral, mas exibiram um menor senso de lealdade ao grupo. Os benefícios pró-sociais encontrados no estudo foram mais pronunciados em participantes que fumaram maconha recentemente, o que segundo os pesquisadores, demonstra relação causal entre o uso de cannabis e comportamentos pró-sociais.
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É isso, gente, espero que tenham aprendido ou se surpreendido com alguma coisa que leram por aqui. E se não foi assim, voltaremos em 15 dias numa nova tentativa rs ;)
Antes de dizer adiós, indicamos fortemente esta reportagem de um dos melhores repórteres em atividade no Brasil e minha dupla dinâmica na época da Folha de S.Paulo, Leandro Machado. Ele expõe as incongruências de um sistema que prende usuários por farelo de maconha em contraposição com uma indústria riquíssima em plena expansão, que já movimenta R$ 130 milhões apenas no Brasil.
A marcha da maconha este ano foi linda e bem coberta por grande parte da mídia, inclusive internacional, algo inédito e que demonstra que a cannabis chegou – ou melhor, voltou – para ficar.
Enquanto isso, um grupo de empresas de cannabis se prepara para processar o governo federal dos EUA com o argumento de que são inconstitucionais as barreiras impostas pelo governo aos seus negócios.
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Beijos e abraços,
Anita