Boletim CH#37 ☘️ A cannabis é de esquerda ou de direita?
Na Colômbia, mercado avança independente de ideologias políticas e país se prepara para legalizar uso adulto da erva
Olá olá, pessoal!
Atrasamos a news de ontem pra hoje por motivos de: estou trabalhando maravilhosamente muito. Vocês me perdoam, né? Sigo na produção da segunda temporada da série da família Gil até o fim de julho e depois disso a coisa volta um pouco mais ao normal. Estou completamente absorvida pelos Gil e pelo clima família que eles trazem, além, é claro, da temporada de câncer, que acaba de começar. Não sei se é minha paixão louca pelo Gil, a lua em câncer ou o meu relógio biológico, rs. Ainda falando sobre os Gil — ando monotemática, eu sei — vou deixar um presentinho aqui procês: o show de abertura da tour pela europa, que aconteceu no domingo, 26, quando nosso mestre cumpriu 80 anos neste planeta. Que venham mais 80, Gil, a gente te ama <3
Bão! Tô locona pra lá e pra cá também pra dar conta de duas novas parcerias, com o Mídia Ninja e com o Cannalize. Acho que já comentei dos dois aqui com vocês. Na segunda-feira passada bati um papo com o tenista profissional Bruno Soares, que também investe — milhões — em cannabis. Falamos sobre esporte, business e …cannabis. Se você perdeu, vai lá, que ficou gravado ;)
Há uns dias, publicamos um feat Cannabis Hoje / Mídia Ninja contando sobre a conquista histórica no STJ, que autorizou o autocultivo a três pacientes de cannabis no Brasil. E isso só foi possível graças às articulações da rede Reforma, e em especial, à advogada Gabriella Arima. Viva vocês!
Na Colômbia, a recente vitória de Gustavo Petro reacendeu os ânimos do país, que pela primeira vez na história elege um presidente de esquerda. Mas isso muda alguma coisa para a indústria canábica do país? Sim e não. Vem comigo pelos meandros dessa história, no nosso artigo em Poder360.
Meu colega, Fernando Rodrigues, notou algo interessante quando sobrepôs os mapas dos Estados onde a cannabis é legalizada e onde o aborto é proibido nos EUA.
Vamos de news? Bora.
☘️ Prisão de jogadora americana de basquete na Rússia foi estendida por mais 6 meses
>>> "Há mais de cem dias não vejo minha Brit." Esse é o grito desesperado da companheira de Brittney Griner como apelo pela libertação da jogadora de basquete da WNBA, que está presa na Rússia desde fevereiro, quando foi detida em um aeroporto do país por portar um frasco de óleo de cannabis medicinal. O pedido de ajuda da família da jogadora tem um destinatário: o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. É que a situação da estrela do basquete feminino americano é completamente desesperadora. Já passaram 114 dias desde que ela foi presa por algo tão corriqueiro como viajar com um medicamento. Mas nada corriqueiro que por esse simples fato ela tenha sido acusada de tráfico internacional de uma substância liberada em quase todos os estados americanos, mas ainda proibida no país que avança em ataques à Ucrânia e ao resto do mundo. O caso virou um jogo de xadrez de Putin que quer usá-la como moeda de troca por Viktor Bout, traficante de armas russo condenado a 25 anos de prisão nos EUA. A coisa vai de mau a pior. Brittney, que teve, há poucos dias, sua prisão extendida por mais seis meses, será julgada a partir de 1º de julho e pode ser condenada a até 10 anos de prisão. PELO AMOR DE DEUS, Biden, faça o que for preciso, mas desfaça essa TERRÍVEL injustiça, leve Brittney de volta à casa e meta um foguete no cu do Putin.
☘️ Alimentar galinhas com cannabis diminui o uso de antibióticos
>>> Uma fazenda que cultiva cannabis medicinal no norte da Tailândia tem alimentado suas galinhas caipiras com cannabis em vez de antibióticos, e os pesquisadores da Universidade de Chiang Mai disseram que o experimento teve resultados promissores. Menos de 10% das 1.000 galinhas da fazenda morreram desde que introduziram a cannabis em sua dieta desde janeiro de 2021 – mesma taxa de mortalidade das temporadas regulares, quando não há um surto grave de doenças –. Embora as descobertas do estudo ainda estejam sob revisão e cubram apenas um ano de pesquisa, um professor assistente que liderou o estudo disse que além de mais saudáveis, a carne fica mais macia e tem um gosto melhor do que as galinhas comuns. Como parte do experimento, a equipe de pesquisa às vezes dava às galinhas níveis reforçados de THC que ultrapassavam os limites legais para humanos no país. Mas não se anime, não dá pra ficar chapado por tabela, já que o organismo do frango metaboliza a substância totalmente antes do abate.
☘️ Número de pacientes de cannabis medicinal quadruplicou nos últimos anos
>>> O número de inscritos em programas de cannabis medicinal nos EUA quadruplicou de 2016 a 2020, com o total ultrapassando 2,97 milhões de pessoas, de acordo com um estudo publicado nos Annals of Internal Medicine delineado pelo Washington Post. Cerca de 61% dos inscritos são qualificados para programas para dor crônica, enquanto 11% estão inscritos para transtorno de estresse pós-traumático. Os pesquisadores observaram que um terço dos pacientes qualificados usam cannabis medicinal para condições ou sintomas sem uma base substancial de evidências. De acordo com a Conferência Nacional de Legislaturas Estaduais, 37 estados, Washington, DC e quatro territórios dos EUA legalizaram a cannabis medicinal em fevereiro. Uma outra pesquisa, da Harris Poll a pedido da Curaleaf, descobriu que 91% dos adultos com 21 anos ou mais que já usaram cannabis o fizeram para fins de saúde e bem-estar, independentemente de estarem matriculados em um programa estadual de cannabus medicinal.
☘️ Uso prolongado e intenso de cannabis com alto THC relacionado à danos cognitivos, diz estudo
>>> Uma pesquisa recente publicada no American Journal of Psychiatry acompanhou de perto quase 1.000 pessoas na Nova Zelândia com idades entre 3 e 45 anos para entender o impacto do uso de cannabis na função cerebral a longo prazo. A equipe de pesquisa descobriu que os indivíduos que usavam cannabis (com alto teor de THC) por vários anos e por mais de quatro vezes por semana, tiveram deficiências de cognição. O QI dos usuários de cannabis de longo prazo diminuiu 5,5 pontos em média desde a infância, e houve déficits na velocidade de aprendizado e processamento em comparação com pessoas que não usavam a erva. Quanto mais frequente o uso, maior o comprometimento cognitivo resultante, sugerindo um potencial vínculo causal. Os achados persistiram mesmo quando os autores do estudo controlaram fatores como dependência de outras drogas, status socioeconômico ou inteligência infantil inicial. Os usuários de cannabis de longo prazo também tinham hipocampos menores (a região do cérebro responsável pelo aprendizado e memória). Curiosamente, os indivíduos que usavam cannabis menos de uma vez por semana sem histórico de dependência não apresentaram déficits cognitivos. Isso sugere que o uso adulto ou recreativo controlado pode não levar a problemas cognitivos a longo prazo. E é bom deixar claro que os sintomas geralmente são reversíveis.
☘️ Millennials consomem cannabis várias vezes ao dia
>>> Em um estudo recente sobre as atitudes e comportamentos dos millennials em relação à cannabis, a New Frontier Data descobriu que 39% dos millennials que consomem cannabis normalmente o fazem várias vezes ao dia. Os millennials são a geração nascida entre 1981 e 1996, época em que ocorreram mudanças rápidas na política de cannabis. Outras descobertas importantes do estudo dão conta de que 49% dos millennials que compram no mercado legal gastam entre US$ 50 e US$ 200 por transação em lojas legais de cannabis. Cerca de 77% dos millennials substituem a cannabis por medicamentos para dormir. E que mais millennials reconhecem outros canabinóides relacionados ao sono, como CBN e THCP do que gente de outras gerações.
☘️ DMT se mostra eficaz em tratamentos de depressão em estudo inicial
>>> Na busca para descobrir os medicamentos psicodélicos mais eficazes para o tratamento de condições de saúde mental, alguns apontaram o DMT como uma ferramenta potencial para o tratamento da depressão. Agora, um novo estudo publicado na revista Nature dá credibilidade ao uso do DMT como um antidepressivo de ação rápida. O estudo descobriu que os sintomas depressivos em pessoas com Transtorno Depressivo Maior resistente ao tratamento diminuíram significativamente com o DMT. Em termos de segurança – como estudo de fase 1, onde o objetivo principal é avaliar a segurança – o DMT foi considerado seguro. Durante as sessões, o psicodélico aumentou a pressão arterial e a frequência cardíaca dos pacientes, embora esses problemas se resolvessem dentro de 20 a 30 minutos após o tratamento. Esse foi um pequeno estudo de Fase 1, com apenas 10 participantes – 7 dos quais tinham Transtorno Depressivo Maior resistente ao tratamento e 3 dos quais eram saudáveis. Além disso, foi “open label”, o que significa que foi conduzido sem placebo. Finalmente, os resultados foram medidos apenas um dia após a administração do DMT, portanto, não temos dados de segurança ou eficácia a longo prazo. Essas limitações restringem a confiança nos dados, por mais positivos que sejam. Resultados interessantes como este justificam estudos clínicos maiores e mais controlados.
☘️ Metade dos pacientes de câncer parou com analgésicos e trocou por cannabis
>>> O uso de produtos de cannabis durante um período de seis meses foi associado a melhorias nos sintomas relacionados ao câncer, bem como reduções significativas no uso de analgésicos prescritos pelos indivíduos, diz um estudo publicado na revista Frontiers in Pain Research. Pesquisadores israelenses avaliaram o uso prolongado de cannabis em uma amostra de várias centenas de pacientes oncológicos e encontraram algo consistente com estudos de outras amostras de pacientes, o uso de cannabis foi associado à mitigação dos sintomas, melhora da qualidade de vida e redução do uso de medicamentos prescritos. Entre os participantes que completaram o estudo, quase metade abandonou os analgésicos.
☘️ Usuários de cannabis são 55% menos propensos a desenvolver câncer de fígado
>>> Adultos com histórico recente de uso de cannabis têm duas vezes menos chances de serem diagnosticados com carcinoma hepatocelular (o tipo mais comum de câncer de fígado) do que aqueles sem histórico de uso, afirma um estudo publicado na revista científica Cureus. Uma equipe de pesquisadores afiliados à Cleveland Clinic e ao Georgetown University Hospital em Washington avaliou a relação entre o consumo de cannabis e o câncer de fígado em uma amostra de mais de um milhão de indivíduos. Os investigadores disseram que aqueles que relataram uso atual de cannabis eram “55% menos propensos a desenvolver câncer de fígado em comparação com os não usuários de cannabis”.
☘️ Quase 8% da população europeia consumiu cannabis no ano passado
>>> Estima-se que 22,2 milhões de adultos na União Europeia, ou 7,7% da população, consumiram cannabis no ano passado, de acordo com um relatório do Centro Europeu de Monitoramento de Drogas e Dependência de Drogas (EMCDDA), que compilou pesquisas de dezenas de pesquisas. O consumo ocorreu no ano anterior ao da realização dos respectivos levantamentos. A maioria dos países da União Europeia permite o uso medicinal de cannabis ou canabinóides de alguma forma, mas o relatório observa que as abordagens das nações variam consideravelmente. Os mercados europeus geralmente regulam a cannabis medicinal não aprovada de forma tão rigorosa que a grande maioria das vendas ainda ocorre no mercado clandestino. O relatório observa que alguns estados membros da UE estão desenvolvendo lentamente regulamentações de cannabis de uso adulto. Alguns exemplos são: Malta, que legislou o cultivo doméstico de cannabis e o uso privado, bem como clubes de cultivo comunitários sem fins lucrativos, em dezembro de 2021. Luxemburgo, que também permitiu o autocultivo doméstico. Também citaram Alemanha e Suíça, que estão planejando ou discutindo a criação de sistemas regulatórios de maconha para uso adulto.
☘️ Norte-americanos querem melhor rotulagem para a cannabis
>>> Maconha no Brasil ainda não tem nome e a gente ainda não consegue saber, sequer, o que consumimos. Mas em várias partes do mundo é possível sim escolher qual erva comprar pelo nome, pelo perfil fitoquímico e até pela vibe que você tá querendo entrar quando for consumí-la. Acontece que os consumidores de maconha nos EUA suspeitam há muito tempo que as cepas não são nomeadas com precisão e que o perfil da erva pode variar drasticamente em dois varejistas diferentes no mesmo quarteirão. Agora, um estudo prova isso. Pesquisadores da plataforma Leafly publicaram um estudo na revista PLOS One que descobriu que os rótulos de cannabis “não se alinham com a diversidade química observada” do produto. Além disso, descobriram que os rótulos eram inadequados para comunicar aos consumidores toda a gama de canabinóides e terpenos, o que poderia ser útil para ajudar os clientes a entender melhor a planta e tomar decisões mais acertadas sobre o que consomem. Futuro distante para os brasileiros, mas os norte-americanos já pressionam por mais informações nos rótulos e por uma indústria legal de qualidade.
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Por hoje é isso, minha gente. Vamo ficando por aqui mas não sem antes te contar três coisinhas mais. A Netflix se ligou que o livro How to Change Your Mind, do Michael Pollan, sobre o uso de substâncias psicodélicas, tinha um potencial tremendo para ser muito mais do que um best seller e não perdeu a oportunidade de transformar o livro em uma série que estreia no próximo 12 de julho. As equipes da principal liga de baseball agora podem vender patrocínios de marcas de CBD. E esse budtruck, que mal a Tailândia liberou a cannabis, e já saiu pelas ruas de Bangkok vendendo maconha.
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Beijos e abraços,
Anita