Boletim CH#4 ☘️ O potencial aditivo da cannabis é de 8,9%, mas e no contexto medicinal?
Pesquisadores valoram quantidade consumida por vez, periodicidade e proporção THC : CBD para definir o potencial aditivo do uso medicinal da cannabis
Buenas, pessoal!
Que tal estamos?
Por aqui, tudo de maravilhas. Este boletim foi feito e enviado desde Lanzarote, uma das ilhas canárias - e na nossa modesta opinião, a mais charmosa delas.
Enviamos, além das notícias quentinhas sobre cannabis no Brasil e no mundo, um sopro de boas energias com forte vento atlântico e toda a potência dos 25 vulcões que dormem por aqui.
Que tenhamos inspiração para mudar o que precisa ser mudado e persistência para trilhar o caminho que escolhemos.
Mais ou menos na mesma toada do Marrocos, que está em vias de legalizar os usos medicinal e industrial da cannabis após décadas figurando como principal produtor mundial; da Zâmbia, que pretende legalizar o cultivo e a pesquisa como estratégia para impulsionar sua economia; e da Noruega, que estuda descriminalizar o uso de drogas, pois como afirmou o próprio Ministro de Educação do país, repressão e punição não contribuíram em nada até hoje.
Otimistas, vamos ao que interessa ;)
Os brasileiros vão descobrindo, pouco a pouco, os benefícios da cannabis em tratamentos de saúde. Prova disso é o aumento da importação de produtos à base de cannabis em 2020 no Brasil, que subiu 86% em relação a 2019. Algum palpite para 2021?
Quando, no fim de 2019, a Anvisa aprovou um regulamento para produtos à base de cannabis, deixou de fora da discussão o mercado pet. Foi então que o deputado Bacelar (Podemos - BA) escreveu um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados propondo legislação específica para o tratamento de animais com cannabis, possibilitando, por exemplo, que a medicação possa ser administrada pelo dono do animal sempre que haja prescrição de um veterinário. Nada mais justo, né, gente?
E como no Brasil, a gente vive um eterno cabo de guerra entre pacientes de cannabis medicinal e os interesses obscuros da Anvisa sob um governo genocida, recebemos com pesar a notícia de que a Justiça, acatando um pedido da agência sanitária, suspendeu liminar que autorizava o cultivo de cannabis pela Abrace, associação de pacientes que desempenha papel fundamental no acesso ao medicamento e nos avanços do tema no país.
Brasil! Vamo aprender com a Tailândia? Que há até poucos meses considerava a cannabis um inimigo e agora sugere aos agricultores que façam do plantio da erva seu principal cultivo comercial, associando-se a hospitais onde a matéria prima é fundamental.
Se você, assim como nós, está animado com o crescimento do mercado global de cannabis, e já pensa em trabalhar no setor, vai gostar de saber que há cada vez mais oportunidades de negócio na área, seja em cosmética, gastronomia, organização de eventos, marketing ou mesmo em consultoria especializada. Já rolou a eureka? Conta pra gente!
O direito é outro nicho que em breve se verá modificado pelas oportunidades do mercado canábico. Enquanto a maioria dos escritórios de advocacia da Espanha ainda evitam publicitar consultoria nessa área, os que optaram por romper o tabu e normalizar o serviço, saem na frente em um momento de revisão e afrouxamento das leis canábicas em todo o mundo. Nesta reportagem, o jornalista espanhol Pedro del Rosal apresenta um panorama completo sobre o tema, delícia de leitura.
Cosmética à base de cannabis está na moda, e por algo será. Pesquisas financiadas por grandes companhias de beleza vem identificando cada vez mais benefícios em tratamentos de acne, inflamações e rejuvenescimento da pele. A venda de tais produtos ainda não é permitida no Brasil, mas quem conseguiu comprar fora está satisfeito com os resultados.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, aposta que o setor canábico deve triplicar de tamanho nos próximos cinco anos e se comprometeu em fomentar a indústria nacional para multiplicar ganhos e avanços. Inclusive, o governo da província de Buenos Aires, apresentou, na semana passada, um projeto de lei propondo que o tratamento com cannabis medicinal seja subsidiado pelos serviços público e privado de saúde.
Tem cinco minutinhos? Vale dedicá-los à leitura deste estudo publicado no Journal of Psychofarmachology que discute o potencial aditivo do uso medicinal de cannabis. Partindo do princípio de que quem utiliza cannabis de maneira recreativa tem 8,9% de chances de desenvolver adição - número relativamente baixo se comparado a cocaína (20,9%), álcool (22,7%) ou tabaco (67,5%) -, o estudo avalia quantidade consumida, periodicidade e a proporção de THC : CBD utilizados pelos pacientes.
Sabe aquela história de que a cannabis destrói neurônios? Um estudo mostra que não é bem assim: o uso de CBD de baixa concentração resgatou significativamente os neurônios do estresse oxidativo (H2O2), confirmando sua capacidade de neuroproteção.
A partir de abril será possível comprar em Portugal, mediante receita médica, cannabis em flor com alta concentração de THC. Além dos produtos com CBD já liberados no país, o governo autorizou a venda de flores com 18% de THC em bolsas de 15 gramos. Os maiores beneficiados serão os pacientes oncológicos que podem ter sua qualidade de vida melhorada significativamente com a planta.
Uma fundação americana sem fins lucrativos foi autorizada a realizar um estudo sobre os efeitos da cannabis em 60 veteranos de guerra com estresse pós-traumático que usarão produtos à base da planta durante 90 dias. Atualmente, 22 veteranos de guerra morrem por dia nos EUA devido ao abuso de opióides ou depressão grave.
Famílias do Colorado, nos EUA, pedem ao senado que funcionários da escolas tenham autorização para administrar medicamentos de cannabis em seus filhos. Hoje, pais e mães são obrigados a sair do trabalho várias vezes ao dia para medicar as crianças durante o horário de aula. Outros, optaram diretamente por tirá-las da escola priorizando o tratamento de saúde.
Imagina quantos comprimidos um paciente pode economizar inserindo cannabis em seu tratamento? Este estudo demonstra que o uso de cannabis medicinal pode levar à redução ou interrupção de vários medicamentos prescritos para sintomas de esclerose múltipla.
Novos estudos apontam que crianças e jovens com Transtorno do Espectro Alcoólico Fetal também podem ser beneficiados pela cannabis. A síndrome, relativamente comum no Brasil - 10 casos a cada mil nascimentos - normalmente apresenta sintomas como dificuldade de fala e hiperatividade.
E para fechar com chave de ouro, um viva aos franceses, que em consulta pública demonstraram estar a favor da legalização do uso recreativo de cannabis. Dos mais de 250 mil consultados, 80% apoiam a proposta.
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Beijos e abraços,
Anita_Cannabis Hoje