Boletim CH#41 ☘️ Por que a legislação sobre cannabis não avança no Brasil?
Arthur Lira, Janaína Paschoal, Caio França, Luciano Ducci e outros políticos opinam sobre a questão, travada nas casas legislativas
Olar :)
Cannabis Hoje na área para te contar o que rolou de mais interessante no universo canábico e psicodélico nos últimos dias.
Sempre com uma pitada de vida pessoal, que afinal, eu não sou um robô, né, minha gente? E cês precisam saber que entre uma newsletter e outra, além das reportagens, dou meu pulinhos por aí…
Esses dias foram tão maravilhosos quanto intensos, tô só o pó. Dei uma passada em Barcelona, a celebrar a vida, os velhos e novos encontros. Até na festa de Gracia eu fui parar. E tava meio cabrera, porque na última edição que fui, em 2018, que tive a primeira crise de pânico. Em plena festa de Gracia, um fuzuê, zilhões de pessoas, imagine você. Mas dessa vez, tudo certo.
Já de volta a Fuerte, agradecida pela oportunidade de viver nas Ilhas Canárias. Esses dias vi um documentário sobre as origens deste arquipélago e, gente, é uma intersecção entre América Latina e África. Amo. De volta à rotina, andei publicando…
Uma reportagem massa que saiu em página dupla no impresso do Estadão (e também no online) no dia 11 de agosto, importante dia para a democracia e, naturalmente, para se informar sobre os bastidores da legislação da cannabis no Brasil. Para a matéria, falei com Arthur Lira e outros oito parlamentares que me ajudaram a compor o retrato do momento sem deixar de palpitar futuros.
Também publicamos, na nossa coluna no Poder360, uma discussão importante sobre o potencial do uso do cânhamo na moda e a real possibilidade de incorporação da matéria-prima na indústria brasileira e mundial de têxteis. Vai lá, que tá massa. Aliás, na coluna de sexta que vem, publicaremos uma entrevista com o Ministro do Agro do Paraguai, Santiago Bertoni, sobre a experiência do país como o principal exportador da América Latina e destaque a nível mundial inclusive quando falamos em sustentabilidade. O Paraguai deve se tornar carbono negativo em menos de 10 anos.
Ah, deixa eu te contar, o perfil do Cannabis Hoje no Instagram tá pertinho de chegar nos 10k, se você ainda não segue, plis, vai lá, e ajuda a gente a alcançar este marco inútil porém contundente. Acho que é isso, má friends. Vamos ao que interessa.
☘️ Consumidores de cannabis hospitalizados com COVID-19 têm taxa de hospitalização mais curtas
Um estudo recente sugere que os consumidores de cannabis hospitalizados por COVID-19 têm melhores resultados do que os não usuários. O estudo, publicado no início de agosto no Journal of Cannabis Research, analisou quase 2 mil pacientes com COVID-19 em dois hospitais no sul da Califórnia. A metodologia usou uma análise retrospectiva dos dados dos pacientes, que incluíram a comparação dos escores de gravidade do caso, a necessidade de oxigênio suplementar, admissão na unidade de terapia intensiva, ventilação mecânica, tempo de hospitalização e morte hospitalar para usuários de cannabis e não usuários. Dos 1.831 pacientes analisados, apenas 4% disseram ser consumidores ativos de cannabis, sendo tipicamente mais jovens (com menos de 44 anos de idade), fumantes frequentes de tabaco, menos diabéticos e tinham níveis mais baixos de marcadores inflamatórios na admissão ao hospital em comparação com não consumidores. Esse grupo teve hospitalização mais curta, menores taxas de admissão na UTI e menos necessidade de ventilação do que os não consumidores. Embora o estudo sugira que os consumidores de cannabis diagnosticados com COVID-19 tiveram taxas de hospitalização mais curtas do que os não consumidores, os pesquisadores afirmam que os resultados devem ser “interpretados com cautela, dadas as limitações de uma análise retrospectiva”.
☘️ Cresce o número de mulheres que usam cannabis para melhorar os sintomas da menopausa
Um novo estudo indica que o uso de cannabis medicinal entre mulheres nos EUA para controlar os sintomas relacionados à menopausa está aumentando. No estudo, 250 mulheres na perimenopausa (ou seja, na época da menopausa) e pós-menopausa recrutadas por meio de publicidade direcionada a mulheres interessadas em saúde da mulher foram avaliadas. Os resultados sugerem que 86% das mulheres de ambos os grupos usam, atualmente, a cannabis como tratamento adjuvante para sintomas relacionados à menopausa; sendo os mais comuns distúrbios do sono (67,4%) e humor/ansiedade (46,1%). As mulheres na perimenopausa eram mais propensas a relatar uma maior prevalência de depressão e ansiedade, bem como o aumento do uso de cannabis medicinal para tratar esses sintomas. Os resultados do estudo foram publicados na semana passada no Menopause, o jornal da The North American Menopause Society (NAMS). “Dada a falta de dados de ensaios clínicos sobre a eficácia e segurança da cannabis medicinal para o controle dos sintomas da menopausa, mais pesquisas são necessárias antes que este tratamento possa ser recomendado na prática clínica”, disse a Dra. Stephanie Faubion, diretora médica do NAMS.
☘️ Presidente da Colômbia propõe ampliar a legalização da cannabis no país
O debate sobre a legalização da cannabis volta a ser destaque na voz do presidente Gustavo Petro, que colocou na mesa a regulamentação desta planta para uso recreativo e industrial em benefício dos produtores camponeses. Durante sua primeira visita a Quibdó, Petro levantou a questão. “O que acontece se a cannabis for legalizada na Colômbia sem licenças, como plantar milho, batata? Com isso, exportamos e ganhamos alguns dólares, porque em boa parte da humanidade é legal”, questionou o presidente, acrescentando que é o campesinato que deve se beneficiar economicamente dessa medida e não as multinacionais estrangeiras. Petro também se referiu àqueles que foram criminalizados por plantar maconha e que atualmente cumprem penas nas prisões e disse que em um cenário em que o plantio dessas culturas seja legalizado em sua totalidade, a estigmatização e a perseguição judicial devem acabar.
☘️ Mercado mundial de cannabis medicinal deve valer quase US$ 25 bilhões até 2027
Espera-se que o setor mundial de cannabis medicinal valha US$ 24,86 bilhões até 2027, de acordo com um novo relatório da Research and Markets. A partir de uma estimativa de vendas de US$ 2,91 bilhões em 2022, o número representa uma taxa de crescimento anual composta de 20,9%. Os dados foram coletados de países em vários continentes, incluindo alguns dos maiores mercados de cannabis medicinal do mundo, como Alemanha, EUA, Espanha, Reino Unido, Austrália, Israel, Tailândia e Dinamarca. O relatório também incluiu países menos conhecidos que permitem o acesso à cannabis medicinal e aqueles que ainda proíbem, como a Rússia e países do Oriente Médio e África. O relatório diz que parte do crescimento se deve ao aumento da demanda por compostos de cannabis, ao aumento da população e às doenças associadas e à crescente conscientização sobre os benefícios da cannabis medicinal. O relatório alerta, no entanto, que o alto preço da cannabis medicinal pode atuar como um impedimento ao crescimento nos próximos cinco anos. Outros desafios enfrentados pelo crescimento da indústria, diz o relatório, são o aumento dos preços da energia e problemas com a manutenção da consistência do produto.
☘️ Óleo de CBD melhorou em poucos dias os sintomas de pacientes em quimioterapia
A administração a curto prazo de extratos de óleo de CBD é segura e eficaz em pacientes que sofrem de neuropatia periférica induzida por quimioterapia, de acordo com dados publicados na revista Supportive Care in Cancer. Investigadores dinamarqueses avaliaram a administração de óleo CBD duas vezes ao dia (300 mg/dia) em pacientes que receberam quimioterapia à base de oxaliplatina ou paclitaxel. Os indivíduos usaram CBD por um período de oito dias imediatamente após o primeiro ciclo de quimioterapia. Os resultados dos pacientes foram comparados aos de controles pareados de forma semelhante. Os pesquisadores relataram que o uso de canabidiol foi associado a melhorias pronunciadas nos resultados relacionados à dor dos pacientes, incluindo sensibilidade ao frio e desconforto na garganta. O acompanhamento de longo prazo segue em andamento, os resultados devem ser confirmados em um estudo maior e randomizado. Estudos separados identificaram uma associação entre o uso prolongado de produtos de cannabis pelos pacientes e melhorias estatísticas nos sintomas relacionados ao câncer, bem como reduções significativas no uso de analgésicos prescritos.
☘️ Uso de cannabis na gravidez não foi associado a crianças com TDHA
Muitas mulheres me perguntam sobre as consequências do uso de cannabis durante a gravidez, e embora ainda haja poucos estudos sobre o tema, alguns novos vêm surgindo com dados interessantes para ser considerados. Como este, que afirma que a exposição pré-natal à cannabis não está associada a um risco aumentado de distúrbios de déficit de atenção entre crianças. Os dados publicados na revista BMJ Open, mostram os achados de Investigadores canadenses que avaliaram a relação entre a exposição intrauterina à maconha e déficit de atenção com ou sem transtorno de hiperatividade em uma amostra de 2.408 crianças. “Em nosso estudo, não encontramos nenhuma associação entre a exposição regular ou ocasional no útero à cannabis e o risco de TDAH em crianças, bem como a exposição geral à cannabis e o risco de TDAH em crianças”, concluíram os autores . Mais pesquisas com foco no momento da exposição durante a gravidez (por exemplo, primeiro, segundo, terceiro trimestre), bem como o uso de diferentes métodos para quantificar a exposição pré-natal à cannabis (por exemplo, amostras biológicas), são necessárias para entender melhor o impacto do uso de cannabis durante a gravidez e resultados de desenvolvimento em crianças.
☘️ Uso de cannabis associado a menor risco de câncer urológico
Homens e Mulheres com histórico de uso de cannabis têm menor risco de sofrer de certos tipos de câncer urológico, de acordo com dados populacionais publicados na revista Cancer Medicine. Uma equipe internacional de pesquisadores da China, França e Reino Unido avaliou a relação entre o uso de cannabis e o risco de câncer em uma amostra de mais de 151.000 pessoas. Os investigadores relataram que “o uso anterior de cannabis foi um fator protetor significativo” em mulheres contra câncer de rins e de bexiga, e em homens, contra o câncer de próstata. Embora ainda existam relativamente poucos resultados disponíveis sobre a interação da cannabis e o câncer, estudos anteriores também identificaram uma associação inversa entre histórico de uso de cannabis e desenvolvimento de certos tipos de câncer, incluindo câncer de bexiga, de fígado e câncer de cabeça e pescoço.
☘️ Pesquisa de brasileiros sugere que o LSD pode melhorar o aprendizado e a memória
Uma nova pesquisa, que acaba de ser publicada na Experimental Neurology, fornece algumas evidências iniciais de que o LSD tem propriedades nootrópicas, ou seja, de melhoria da memória, aprendizagem e concentração. Os autores do novo estudo, que aliás, são brasileiros – e velhos conhecidos da psicodelia tupiniquim, como Sidarta Ribeiro e Dráulio de Araújo –, descobriram que o LSD aumentou os marcadores de neuroplasticidade em organoides do cérebro humano, aumentou a preferência por novidades em ratos e melhorou o desempenho da memória em humanos. Os pesquisadores criaram organoides cerebrais – estruturas semelhantes ao cérebro cultivadas a partir de células-tronco pluripotentes induzidas por humanos – para investigar os efeitos do LSD no nível celular. E descobriram que o LSD afetou vários processos, incluindo replicação de DNA, descoberta de caminhos neurais e sinalização mTOR, uma proteína quinase envolvida em vários eventos de plasticidade neural, atuando como um hub entre plasticidade, aprendizado e memória. Para examinar os efeitos do LSD nos processos de memória dependentes do hipocampo, os pesquisadores fizeram 76 ratos passarem por uma nova tarefa de preferência por objetos vários dias após receberem uma dose de LSD ou uma solução salina inerte. Ratos que receberam LSD tendiam a passar mais tempo explorando novos objetos.
☘️ Caminhões de venda ilegal de cannabis na Times Square foram apreendidos pela polícia
Opa, que começou o fuzuê em Nova York. O chefe do Departamento de Polícia da cidade (NYPD), Jeffrey Maddrey, compartilhou, na semana passada, um vídeo no Twitter mostrando 19 veículos que o departamento havia apreendido porque os proprietários estavam vendendo maconha sem autorização. A polícia também emitiu seis intimações judiciais criminais a veículos que estavam vendendo cannabis e produtos de cannabis na Times Square. Um funcionário do NYPD disse que o mesmo tratamento seria dado a um caminhão de sorvete se não tivesse uma licença de fornecedor de alimentos. A maioria dos veículos tinha placas de fora do Estado e os motoristas dormiam nelas durante a noite. A repressão ocorreu após reclamações do Distrito de Melhoria de Negócios da Times Square, que pediu ao departamento “que tratasse da qualidade de vida no que se refere aos caminhões ilegais de venda de alimentos. Neste caso, caminhões de maconha vendendo comestíveis ilegalmente.
☘️ Consumo de cannabis e psicodélicos por jovens adultos bateu recorde em 2021
Uma pesquisa realizada anualmente nos Estados Unidos, revelou que 43% dos jovens adultos -- entre 19 e 30 anos de idade -- consumiu cannabis pelo menos uma vez no ano passado. Um crescimento de 34% se comparado aos números levantados na pesquisa de cinco anos atrás, e o maior índice desde a sua primeira edição, em 1988. "Monitorando o Futuro" é o nome do estudo, realizado pelo instituto nacional de saúde dos EUA, que entrevistou a mais de 4.900 jovens adultos entre abril e outubro de 2021, e pode aferir, ainda, que cerca de 11% deles usa maconha diariamente. O percentual é quase duas vezes maior do que o aferido na mesma pesquisa de dez anos atrás. É fato que a tendência de legalização do uso recreativo da erva no país contribui para o cenário. Hoje, 19 estados já autorizam a produção, o comércio e o uso de maconha. Os resultados da pesquisa, publicados no último dia 22 de agosto, também dão conta de uma tendência de aumento no consumo de psicodélicos: com 8% de jovens adultos assumindo o consumo de alguma susbtância psicodélica em 2021 -- a título de comparação, em 2011 esse número era de apenas 3%. É importante lembrar que a cannabis tem uma taxa de adição de 8,9%, muito menor que a do álcool (27%) e do tabaco (68%), e que substâncias psicodélicas como LSD e a psilocibina não provocam adição, e na verdade, ajudam a curar outras adições, ao álcool e aos opioides.
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Por hoje é isso. Nos vamos, mas não antes de deixar com vocês essa maravilha, um urso que comeu mel psicodélico e ficou chapadinho. Esse recall de uma série de Moet & Chandon contaminada com MDMA. E essas diquinhas boas para vovós e vovôs entrando na cultura canábica.
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Beijoca e até mais,
Anita