Boletim CH#5 ☘️ Cannabis na depressão pós-parto, mas calma, ninguém falou em fumaça
Sintomas comuns desta condição que atinge 17% das mulheres que se tornam mães, como depressão, ansiedade e insônia, apresentam bons resultados a tratamentos com canabinóides
Oba, pessoal!
Cá estamos com mais uma edição do boletim Cannabis Hoje, feito todinho com o amor e o interesse extraordinários que temos pela cannabis e por descobrir mais e mais coisas sobre o assunto. Espero que gostem da seleção que fizemos das notícias mais importantes dos últimos dias.
Mas antes de mais nada, falemos o português claro: a gente precisa se ligar que o Brasil tá muito atrasado quando se trata de cannabis. Só cria entraves quando devia era criar oportunidades. É pouca ou nenhuma ação para fazer coisas básicas como possibilitar que a nossa nação tenha acesso a uma planta que não é apenas um remédio, mas, como diz o mestre Sidarta Ribeiro nessa entrevista imperdível ao podcast da Trip, uma farmácia inteira.
Em editorial publicado semana passada, a Folha de S.Paulo chama a atenção ao enorme passo que o México dá ao descriminalizar o uso recreativo da cannabis e o autocultivo, sugerindo ao Brasil que se atente aos resultados da medida no país caribenho que, por seu tamanho territorial e populacional, deve se tornar o principal mercado canábico na América Latina nos próximos anos. E isso significa money. Enquanto isso nós fazemos o quê? Ficar de braços cruzados é que não dá, né?
Parece piada que os EUA, país que inventou a proibição, já a desinventou e está lucrando mais do que nunca com isso, e o Brasil siga sustentando uma proibição tão cega que não vê mais nem dinheiro. Bom, mas o que falar de um presidente laranja - e não estamos falando do Trump - que continua no cargo mesmo depois de tantos escândalos? Essa é com certeza a maior piada de todas no nosso país.
Tomara que a gente desacostume de tanta piada de mau gosto e se acostume com boas novas, que é o que a gente tá precisando.
Vamos a elas :)
☘️ Para continuar na América do Sul, a Colômbia, que recentemente conquistou o direito a exportar cannabis para mercados internacionais, já fechou parceria com a Alemanha. O acordo se deu entre a empresa colombiana Cleaver Leafs e a farmacêutica europeia Ethypharm, que importará um produto à base de cânhamo e cannabis rica em CBD.
☘️ Enquanto isso no Brasil… ainda é preciso dizer o básico: a cannabis não é porta de entrada para outras drogas. E não sou eu quem está dizendo. A frase é da psicanalista Maria de Lurdes Zemel que lança, com Luciana Saddi, o livro “Maconha: os diversos aspectos, da história ao uso”. As pesquisadoras corroboram os dados que demos na edição passada da newsletter ao afirmar que o álcool tem potencial destrutivo muito maior que o da planta.
☘️ Clubhouse é uma rede social cannabis friendly, ao contrário de seus pares Instagram e Facebook, e por isso tem atraído a comunidade canábica ávida por estabelecer conexões em tempos de isolamento social. Tem sala para todo tipo de assunto - política, cultivo, marketing, feminismo - mas ainda a maioria em inglês. A usuária de Android aqui tá esperando ansiosamente para fazer parte disso. Cês tão dentro?
☘️ Aqui na Espanha pode-se comprar flor de cannabis nos coffeeshops, mais conhecidos como associações, mas, ainda assim, há quem compre na rua, maneira mais fácil e barata de conseguir a erva. Para esse público consumidor, uma má notícia: um estudo realizado com amostras conseguidas nas ruas de Madri, alerta que 62% não está apta para consumo. O maior problema são as infestações por fungos, pragas comuns quando os protocolos de manutenção e secagem não são seguidos à risca. Fruto da parceria entre a Universidade Complutense de Madri e a Fundação CANNA, a pesquisa mostra ainda que os níveis de CBD eram baixos ou nulos em todos os casos. Ojito, amigos.
☘️ Algo se sabe a respeito da melhora que a cannabis promove em tratamentos de depressão, ansiedade e outros desordens psicológicos, mas ainda muito pouco sobre um tratamento para estes mesmos sintomas aplicado a mulheres que sofrem de depressão pós-parto - que representam um 17% do total. O que se conhece até hoje, são as histórias contadas por mães de primeira viagem que optaram pela cannabis quando tudo o que tentaram até então, havia falhado. Em todos os casos, não se tratava de fumar, mas de utilizar produtos certificados e de baixa dosagem, capazes de aliviar desconfortos físicos e psicológicos.
☘️ Os cultivos interiores de cannabis se tornaram um problema para o meio ambiente ao emitir quantidades enormes de gás carbônico na atmosfera. Isso é o que afirma um estudo americano recém publicado na revista Nature Sustainability. A pesquisa destaca que luzes de alta intensidade e suplementos de dióxido de carbono utilizados para acelerar o crescimento das plantas aumentam em cem vezes a pegada de carbono se comparamos com a pegada dos cultivos exteriores.
Exemplo disso do outro lado do mundo é a empresa sul-coreana Farm 8, principal fornecedora de alface das grandes redes de fast food do país e que atualmente está redirecionando esforços para o plantio de cannabis em granjas verticais. A companhia reconhece que, apesar de reduzir as emissões geradas no arado do campo, na colheita e no transporte, o uso de eletricidade nesse tipo de cultivo segue sendo inadequado.
Esta é certamente uma problemática rentável para as companhias que se disponham a encontrar uma solução sustentável para os grandes invernadeiros. Já no caso do cultivo caseiro, uma lei que permita o plantio sem restrição do número de plantas, por exemplo, tem tudo para que os cultivadores “saiam do armário”, optando pelo cultivo em janelas, jardins, varandas, nalgum lugar a céu aberto.
☘️ Se você alguma vez cruzou o Parvati Valley ou foi parar em Manali, no norte da Índia, não viu outra coisa que restaurantes e cafés com aconchegantes lounges dedicados ao uso recreativo da cannabis, além de dezenas de lojas comercializando artigos feitos de cânhamo. Essa região pertence ao Estado de Himachal Pradesh, principal produtor de cannabis do país, e que finalmente considera liberar o plantio da erva, o que já acontece a larga escala mas que o governo insiste em fingir que não vê. Bom, antes tarde do que mais tarde.
☘️ Notícia triste: 94% dos presos ano passado em Nova York por porte ou venda de cannabis são negros. Como pode ser que a sociedade continue punindo negros e pobres por tão pouco e sempre eles? Uma reparação histórica é o mínimo que se espera com o boom do mercado canábico. Os negros e pobres foram sempre o lado mais fraco da corda e nessa revolução medicinal merecem a oportunidade de assumir lugares de destaque. A luta continua!
☘️ Com fé no futuro, nos despedimos com esta lista de países que se destacam como destino do turismo canábico, anota aí nos planos pós-pandêmicos e quem sabe esse momento chega antes do que a gente espera.
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Beijos e abraços,
Anita_Cannabis Hoje