Boletim CH#9 ☘️ Na falta de regulação bancária, indústria canábica recorre às criptomoedas
Bitcoin e Ethereum são as preferidas das empresas de cannabis que optaram pelas criptomoedas para estabelecer e resguardar suas operações financeiras
Olá olá, tudo bem por aí?
O seu boletim com as notícias mais importantes do universo canábico chegou com um diazinho de atraso, perdão!
É que estive completamente fora de órbita esses dias, lidando com mudanças das mais variadas ordens por aqui. Incluindo mudança de casa que, como vocês devem saber, é uma loucurinha cansativa física e emocionalmente.
A boa notícia é que já estou instalada em um lugar repleto de natureza e com muito vento. Algum palpite? Enquanto vocês fazem as suas apostas, eu toco o play:
☘️ Você já ouviu falar em ressaca pelo uso recreativo de cannabis? Sim, ela existe, e é mais comum do que imaginamos. Sabe quando no dia seguinte você experimenta várias sensações desconfortáveis, como confusão mental, dor de cabeça, fadiga e náuseas? Pode ser que você tenha exagerado na dose. Ainda há poucos dados sobre o tema, tanto, que um estudo de 1985 -mais de 30 anos atrás- segue sendo fundamental para a compreensão deste fenômeno. Na época, os pesquisadores distribuíram placebo para um grupo de voluntários e cannabis com 3% de THC para outro e puderam observar que no dia seguinte, após uma noite inteira de sono, os participantes do segundo grupo apresentaram um efeito residual, ou seja, ressaca. Um outro estudo da década de 90 mostrou que a ressaca não é comum em quem fumou apenas um cigarro, mas muito mais provável no caso do consumo de comestíveis de cannabis ou de consumo excessivo da erva. Portanto, se você começou a notar sintomas indesejáveis, talvez seja a hora de diminuir a quantidade para encontrar a sua dose ideal. E, claro, beber bastante água é fundamental para diminuir estes sintomas, tanto no momento do uso quanto no dia seguinte.
☘️ A cannabis permanece no leite materno por pelo menos seis semanas após ser consumida por uma lactante. Foi o que revelou um estudo publicado em março pela Jama Pediatric, uma revista publicada pela Associação Médica Estadunidense. Os pesquisadores chegaram a esta conclusão ao selecionar 25 mães de primeira viagem com histórico de consumo recreativo da erva que toparam abandonar o hábito, e com a análise de amostras de sangue, urina e leite, detectaram a presença de THC no leite produzido pelas mulheres. "Este estudo forneceu informações valiosas sobre o tempo que uma mulher leva para metabolizar o THC em seu corpo após o nascimento", disse Maya Bunik, professora de pediatria da CU School of Medicine e diretora médica do Children's Hospital Colorado, em um comunicado que acompanhou a publicação do estudo. “Zero” cannabis durante a gravidez e a amamentação é o título de um informe publicado pela Sociedade Argentina de Pediatria no começo de maio, que reitera os riscos do consumo recreativo de cannabis para o desenvolvimento do bebê, podendo perdurar na infância, adolescência e até na vida adulta. Variações no tamanho do cérebro na primeira infância, alterações na consciência e perda de sucção, tônus muscular, dificuldades para o desenvolvimento motor e maior suscetibilidade a infecções já na vida adulta são alguns dos sintomas que poderiam ser explicados pela interrupção do sistema endocanabinoide nos estágios iniciais do neurodesenvolvimento.
☘️ Ter sido um dos primeiros países da Europa a descriminalizar a cannabis não fez da Espanha referência em regulação -apesar de permitir o cultivo e a exportação de cannabis medicinal a outros países, o governo ainda proíbe a venda desses produtos à sua própria população. Mas graças a parlamentares vascos apoiados por grupos de estudo e defesa da cannabis no país, o Congresso espanhol aprovou a criação de um comitê especial que vai analisar os efeitos da regulamentação da planta em países vizinhos como França e Holanda, para traçar um panorama do qual possam extrair informações sobre bases legais, evidências científicas e aprender com as dificuldades técnicas enfrentadas por eles para uma provável futura regulamentação da cannabis medicinal capaz de oferecer aos espanhóis uma ampla gama de medicamentos legais para além do Satyvex e do Epydiolex. Até então, os pacientes de cannabis medicinal que querem fugir destas duas opções acabam comprando a erva diretamente nos clubes canábicos que abundam na Espanha e, especialmente na Catalunha, por uma brecha na lei. O problema, neste caso, é que o paciente não tem como se certificar da qualidade nem da quantidade do que está consumindo, e portanto, a eficácia do tratamento é comprometida.
☘️ Por acaso você também está sentindo um cheiro azedo por aí? Deve ser porque o presidente genocida do nosso país abriu a boca uma vez mais para falar asneira, desta vez, sobre a cannabis. Em conversa com apoiadores -sim, também nos impressiona que ainda haja algum apoiador dessa figura-, prometeu vetar a PL 399/2015 propondo a regulamentação da cannabis no Brasil e que deve ser votada esta semana na Câmara. Fazendo uso de seu já conhecido esdrúxulo vocabulário, chamou a proposta de “lixo” e “idiota”, afirmando que ainda que o Projeto de Lei seja aprovado na Câmara e no Senado, será vetado por ele. Não é de se estranhar que salvar vidas e melhorar a condição de milhares de pacientes nunca foi a prioridade da familícia Bolsonaro. Oremos.
☘️ Desde 2017 os uruguaios podem comprar cannabis na farmácia, mas não estavam satisfeitos com os 2% de THC nas únicas duas variedades disponíveis, então migraram para os clubes canábicos ou optaram pelo auto cultivo, onde conseguem flores com porcentagens de THC que variam entre 15% e 25%. Percebendo esse movimento, o Instituto de Regulação e Controle da Cannabis no Uruguai aprovou a implementação de um novo teto de 10% de THC nas flores comercializadas nas farmácias a partir do início do ano que vem. A decisão foi baseada em cálculos econômicos, com a intenção de evitar a perda de receita com a debandada de consumidores e o promover o aumento da arrecadação, já que com um incremento da porcentagem de THC, também sobe o preço de venda.
☘️ Ainda falando de Uruguai, saiu um dado sobre um aumento de 50% no número de cultivadores registrados pelo governo. E por quê será? É isso o que a Universidade Católica do Uruguai se propôs a saber quando lançou uma consulta perguntando sobre hábitos de consumo a usuários de cannabis. Quase 75% responderam que se auto abastecer é o principal fator que os levou a abraçar o auto cultivo. A segunda resposta mais popular ressalta o prazer que cuidar da terra oferece ao cultivador e a terceira, para evitar contribuir com o tráfico.
☘️ A farmacêutica brasileira Ease Labs acaba de assinar a compra de 250 litros de azeite de cannabis rica em CBD da israelense Tikun Olam Cannbit. O acordo é simbólico pois marca a entrada da Tikun pela primeira vez no mercado brasileiro em um dos primeiros movimentos comerciais da Ease Labs após receber o aval da Anvisa para produzir medicamentos de cannabis em solo tupiniquim. Primeira empresa brasileira a receber a certificação que permite o desenvolvimento, a fabricação, armazenagem, importação e exportação de produtos a base e cannabis, a Ease Labs planeja iniciar operações em uma fábrica com quase 2.000m2 em Minas Gerais.
☘️ Quem não ficou doidinho em algum momento que seja durante todos estes meses de pandemia que se manifeste, pois quero saber como conseguiu tal feito. Nessa toada de pressão mental muitos norte-americanos foram buscar na cannabis uma ajuda para lidar com os altos e baixos e se sentir felizes e relaxados. Uma pesquisa conta essa história e revela também que a procura por cannabis cresceu de acordo com o aumento dos casos graves de Covid.
☘️ Na edição passada do nosso boletim, falamos sobre a discussão da iminente reforma no sistema bancário dos EUA, que permitirá aos negócios canábicos se profissionalizar com suporte financeiro para valer. A coisa, no entanto, vai tão lenta, que a indústria canábica está recorrendo às criptomoedas como Bitcoin e Ethereum para estabelecer e resguardar suas operações financeiras. A bem da verdade, cannabis e criptomoedas dão um bom match. Veja bem, por não estarem em dívida com as regulamentações bancárias, as criptomoedas oferecem uma série de possibilidades para as empresas de cannabis, incluindo a transparência e a segurança do blockchain, a capacidade de fazer transações online e internacionalmente, proteção contra a inflação em um mercado de moeda volátil e uma alternativa bancária formal.
☘️ MDMA para tratamento de estresse pós-traumático pode se tornar realidade nos Estados Unidos já em 2023. Segundo reportagem do New York Times, o primeiro ensaio da fase 3 foi sucesso total, e um segundo -necessário para que a FDA, equivalente à nossa Anvisa, autorize a terapia assistida por MDMA, está em curso atualmente com 100 participantes. Enquanto isso, falemos do primeiro teste, que contou com 90 participantes e demonstrou que os que tomaram MDMA apresentaram redução significativa nos níveis de estresse na comparação com os que tomaram um placebo inativo. Depois de dois meses de terapia com MDMA, quase 70% do grupo que usou a substância deixou de receber um diagnóstico de estresse pós-traumático. E o melhor, quase não foram observados efeitos colaterais, um ou outro participante relatou enjoo e falta de apetite. É, meus amigos, estamos vivendo um momento único na abertura da medicina para tratamentos com psicodélicos, e este ensaio é dos mais importantes, com reais chances de fomentar outras pesquisas com psilocibina, LSD, ayahuasca e mescalina.
É isso, pessoal, ficamos por aqui, mas não sem antes te contar que do dia 18 ao dia 20 de maio vai rolar uma das conferências mais importantes da indústria global de cannabis. Promovido pela Prohibition Partners, o evento acontece virtualmente e dispõe de entrada que custam exatamente zero reais para participar. Nos vemos lá?
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Anita_Cannabis Hoje