Cannabis Hoje #67 ☘️ Descriminalização à brasileira
entenda o que de fato isso quer dizer | Gilberto Gil e sua arte influenciada pela cannabis e pelos psicodélicos | Sâmia Bomfim | Gregório Duvivier | Ministro Padilha e mais
olá, caro leitor!
por aqui é verão, e eu sou o verão, oba.
acabamos de colher lindas flores das sementes que ganhei na spannabis. já estamos plantando a próxima leva pra ficar abastecidos o ano inteiro. isso é uma alegria simples e tão fundamental, que do processo de descriminalização no brasil, a tolerância de autocultivo de até seis plantas, pra mim, é a melhor notícia.
falando em notícia, venho de dias de muita escrita. mais do que o normal, que já costuma ser bastante. reflexos de uma descriminalização, que por mais capenga, instável, e incompleta, dá pano pra manga, né?
então vamos tentar entender tudo o que está acontecendo juntos.
☘️ fui convidada por El Planteo, o maior meio de comunicação sobre cannabis em língua espanhola, pra falar sobre o processo de descriminalização no brasil e os possíveis impactos disso nos mercados canábicos da américa latina. você pode assistir a live aqui (es en castellano, o mejor, en portuñol, la lengua del futuro).
☘️ publiquei na Breeza da semana um papo com referências da cena que nos ajudam a entender porque a descriminalizaçao é só o começo. tem nathália oliveira (plataforma brasileira de política de drogas), drika coelho (comunicadora antiproibicionista), marilene esperança (abrario), andré barros (advogado), larissa uchida (empresária e organizadora da expocannabis brasil), rodrigo mesquita (advogado), maira eugênia riscala (kaya mind), cristiano maronna (advogado), marco algorta (empresário no brasil e no uruguai). você pode ler aqui a íntegra da conversa.
☘️ e aqui os meus dois centavos sobre a conclusão do julgamento da descriminalização, que começou discutindo todas as drogas e terminou tratando apenas da maconha e de modo bastante superficial. deus sabe o quanto estou evitando o pessimismo de achar que tudo vai continuar como antes. ojalá que no, mas vem pensar comigo neste artigo que publico hoje (sexta) no Poder360.
taxação de medicamentos de cannabis importados?
☘️ e essa doidera? na terça à noite a receita federal convocou reunião às pressas com importadoras de remédios de cannabis para informar que na próxima segunda, dia 1º de julho, os medicamentos importados, que até então eram isentos de impostos, perderiam esse benefício por conta da sanção da “lei das blusinhas”, que institui imposto de 60% sobre produtos importados.
☘️☘️ logo de manhã na quarta-feira eu falei com exclusividade com o ministro alexandre padilha, que me mandou áudios explicando que havia sido um erro de digitação da lei, e que o governo editaria medida para seguir isentando os medicamentos importados, como sempre foi. beleza, dei o furo no Poder360, na esperança de tranquilizar o mercado da cannabis, que estava em polvorosa com o “disse me disse”.
☘️☘️☘️ na madrugada de ontem pra hoje (quinta pra sexta), meu celular pipoca de mensagens de empresários chocados com a cara de pau da abicann, que divulgou um texto dizendo ter “barrado” a taxação dos medicamentos importados. como jornalista, sou obrigada a esclarecer essa fake news, primeiro porque nunca chegou a existir a taxação, segundo porque a abicann nunca teve nada a ver com isso e alexandre padilha deixou isso claro ainda na quarta-feira.
ao setor, cuidado com as invenções dessa entidade. quem é de verdade sabe quem é de mentira ;)
entrevistona da semana na Breeza é com Gilberto Gil
não precisa dizer mais nada, né? rs
passei meses e meses, quase um ano, negociando essa entrevista, que acabou rolando em maio, e foi publicada wm 26 de junho, dia em que gil completou 82 anos.
na nossa conversa, Gil refletiu sobre os avanços da maconha nos últimos cinquenta anos, desde quando foi preso por porte da erva. confidenciou que sempre fumou um na frente dos filhos, e que alguns deles só chegaram a experimentar depois de adultos. filosofou sobre nossos primeiros e últimos suspiros e ainda deixou um conselho aos jovens que estão considerando expandir a consciência de mãos dadas com as substâncias. vem ler no site da Breeza e vem ouvir no Spotify!
☘️☘️☘️ os segredos do ramo
aquele papo descontraído sobre empreendedorismo e negócios com os profissionais de maior destaque no mundo canábico
Dave Coutinho, cofundador da Smoke Buddies, a primeira mídia canábica do Brasil, e diretor de comunicação da ExpoCannabis Brasil
Cristiano Maronna, advogado especialista em política de drogas, autor do livro “Política de Drogas Interpretada pela Perspectiva da Liberdade”
André Bocchi, fundador da Simples Cannabis, o mais completo marketplace de cannabis no Brasil e o primeiro a ter uma loja física, em plena Av. Cidade Jardim
Giorgio Volonghi, cofundador da Aleda, principal marca de seda e outros produtos para fumar do Brasil, que acaba de completar 18 anos
A 2ª temporada do Cannabis Hoje Pod tem o apoio de USA Hemp, Aleda, Simples Cannabis, Humora e Ease Labs. Essas são empresas que reconhecem o valor da comunicação responsável e do jornalismo de qualidade para promover o crescimento do setor com informação para a normalização da cannabis.
☘️☘️☘️ escrevi por aí
“O MAIOR DESTRUIDOR DA FAMÍLIA BRASILEIRA É O ENCARCERAMENTO EM MASSA”, Gregorio Duvivier
Greg não fica satisfeito com apenas sentar em cima de seus privilégios e usa tudo isso que a vida lhe deu para ajudar a sociedade a enxergar as hipocrisias em que estamos chafurdados. Ele aponta as incongruências que tantas vezes nos passam batidas com seus raciocínios, numa concatenação de ideias que saltam como estrelas fugazes e invariavelmente nos fazem rir, intencionalmente ou não.
A gente já sabia de seu apreço pela maconha, mas nunca tínhamos ouvido ele refletir sobre isso com profundidade, como faz nesta entrevista, em que conta, por exemplo, como gosta de usar a erva, o LSD e a psilocibina (outras substâncias que utiliza para expandir a consciência); da dura policial violenta que tomou na primeira vez em que fumou maconha, aos 13 anos; que está pensando em conseguir um habeas corpus de cultivo; e que durante muitos anos fumou um com a avó.
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FALTA DE REPRESENTATIVIDADE PREOCUPA A INDÚSTRIA BRASILEIRA DA CANNABIS
Nas conversas de bastidores pelos corredores da Medical Cannabis Fair, os players da indústria brasileira da cannabis estão preocupados com a falta de entidades representativas que de fato apoiem o crescimento e colaborem para moldar as boas práticas de que tanto carece o mercado.
A avaliação dos principais profissionais da área, de empresários a advogados e médicos, é de que não existe ainda representatividade suficientemente relevante empenhada em defender os interesses do cannabusiness brasileiro. Alguns profissionais da cannabis dão como exemplo a representatividade da indústria farmacêutica, composta por diversas entidades que lutam pela conquista de direitos e pela atualização de normas desfavoráveis à classe, criticando nominalmente as duas organizações que pretensamente representariam o mercado no Brasil.
Ainda há (muito) espaço para entidades de classe que entendam o trabalho que precisa ser feito e atuem pela união da indústria, pela recuperação de espaços e pela construção de um mercado ético, justo, equilibrado e inclusivo.
Falei sobre isso no Poder360 e convido você a ler este artigo, que levantou a ira da Abicann, uma das entidades citadas, cujo diretor me assediou por todos os canais possíveis e imagináveis desde a publicação do artigo de opinião. Desde que publiquei o artigo, venho recebendo diversos relatos e documentos que só confirmam a falta de profissionalismo, compromisso e ética da desequilibrada Abicann. Se você também quiser me contar a sua experiência com a Abicann, manda por DM.
Contra todo o assédio e as tentativas de censurar a imprensa.
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“EXISTE O LOBBY DOS QUE NÃO QUEREM A LEGALIZAÇÃO PORQUE GANHAM COM A PROIBIÇÃO”, Sâmia Bomfim
Cercada por tantas figuras desprezíveis que ocupam o Congresso Nacional como se fosse uma extensão de suas casas e crenças, está Sâmia Bomfim e alguns outros gatos pingados que fazem da política uma ferramenta para promover o bem estar social.
Ao passo em que uma boa parte dos eleitos para a Câmara e para o Senado legisla em causa própria, pela manutenção e ampliação de poder e influência, Sâmia defende temas conectados à realidade da maioria dos brasileiros, como equidade de gênero, a proteção ao meio ambiente e, mais recentemente, também a revisão da atual e falida política de drogas. Essas são suas bandeiras.
Nesta conversa comigo, Sâmia falou sobre como é ser uma das poucas parlamentares que abraçou a pauta da política de drogas, sobre a intersecção de pautas da esquerda, como drogas e aborto, e também sobre o medo que a esquerda tem de se posicionar em pautas polêmicas. Ela criticou também a composição do Congresso, que considera uma “distorção” da realidade brasileira, além de compartilhar como surgiu o seu interesse pela maconha… e como faz para dar conta de tudo isso sendo mãe (spoiler: ela não dá).
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A MACONHA COMPÕE O RETRATO
Quem diria que os preparativos de uma sessão de fotos importantes pra uma capa de disco, ensaio de revista ou coisa do gênero, em muitos casos incluem um fumo do bom? Daryan Dornelles tá ligado. Um dos poucos fotógrafos brasileiros que a gente ainda conhece de nome, por ter retratado quase todos os grandes nomes da nossa cultura (como Fernanda Montenegro, Chico Buarque, Elza Soares, Wagner Moura, Ronaldinho Gaúcho, só pra citar alguns), perdeu a conta de quantas vezes encontrou pura neblina ao chegar nos estúdios onde criou retratos icônicos.
“Geralmente tem [maconha no set], a pessoa tá fumando um e normal, pra mim é como se tivesse bebendo um café”, conta ele, sublinhando que apesar de a maconha ser muito relacionada ao ambiente artístico, é uma substância que “hoje em dia, todo mundo, gente de todas as profissões, usa”.
Os efeitos da erva, segundo ele, transparecem na desenvoltura do personagem, que normalmente fica mais tranquilo e confiante depois de dar um dois. Essa vibe tranquila, segundo ele, é o que vai definir se um ensaio vai dar bom ou não. Esse papo bom você pode ler aqui.
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ASSOCIAÇÃO MÉDICA PEDE CANNABIS NAS FACULDADES DE MEDICINA
Em 2024, completa-se 10 anos desde que os primeiros pacientes brasileiros conquistaram o direito ao uso medicinal da cannabis no país. Embora, ao longo desse tempo, quase 1 milhão de pessoas tenham visto sua qualidade de vida melhorar graças aos efeitos terapêuticos da planta, ainda são pouquíssimas as faculdades de medicina que oferecem em sua grade de ensino uma matéria específica para estudar o assunto.
Para a APMC (Associação Pan-Americana de Medicina Canabinoide), que reúne grandes profissionais das mais distintas especialidades médicas, isso precisa mudar –e rápido. A entidade iniciou um trabalho de advocacy para que universidades de todo o país ofereçam aos estudantes de medicina uma disciplina para estudo e pesquisa do sistema endocanabinoide. Os detalhes você pode ler aqui.
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