Cannabis Hoje #69 ☘️ Famosos na maconha: bom pra quem?
Celebs brasileiras investem em cannabis mas sem falar em reparação histórica | Erika Hilton | África do Sul | Bob Burquist | Ginecologia canábica e mais
Alô, você!
A sua newsletter mensal sobre os avanços da cannabis e dos psicodélicos chegou :)
Tenho um palpite de que as últimas semanas foram meio conturbadas pra você. Que as coisas não saíram exatamente do jeito que você planejava, e que rolou uma sensação de confusão na hora de escolher um caminho. O futuro ficou turvo, incerto? É que quase todo agosto foi de mercúrio retrógrado, e hoje, dia 28, finalmente (!!!) ele retoma o movimento direto, af. A partir de hoje, então, táca-lhe pau nesse carrinho, bora recuperar o otimismo rs.
Temos novidades na Breeza e no Cannabis Hoje, mas só vou poder te contar na próxima edição. Por enquanto, uma palhinha: tá rolando um re-branding do Cannabis Hoje que tá ficando lindão, e vou te apresentar as novas cores, logos e charminhos já na próxima edição deste boletim.
Você, que tem acompanhado a Breeza, sabe que a gente traz entrevistas exclusivas com ícones da cultura e da sociedade brasileiras falando sobre cannabis, psicodélicos e política de drogas, mas o que você talvez não imagine é o trabalhão que dá conseguir essas entrevistas.
Nesta edição da news, temos Erika Hilton e Bob Burquist, duas entrevistas que passei meses negociando. No caso do Bob, aliás, foram anos. É que desde 2021, o skatista tava evitando falar sobre maconha, e fui conseguir trocar essa ideia graças à equipe da HBO Max, que lançou há pouco “A Lenda do Skate”, um doc sobre a vida desse extraterrestre que veio parar na Terra.
Eu tinha separado umas perguntas sobre as tretas recorrentes entre ele e suas atuais ou ex-companheiras. Mas daí na hora eu não fiz, achei que era de mau tom falar de vida amorosa. Só que depois eu lembrei que na entrevista da Luana Piovani eu perguntei sobre a vida amorosa dela sem pensar duas vezes. Tô com uma noia… me diga você… fui machista?
Bueno, vivendo e aprendendo e melhorando, né?
Bora de news ;)
☘️☘️☘️ os segredos do ramo
aquele papo descontraído sobre empreendedorismo e negócios com os profissionais de maior destaque no mundo canábico
Gabi Weed, criadora de conteúdo canábico que conta as fofocas do setor e assim se tornou a maior polemista da cannabis no Brasil
Pedro Melo, médico e influencer, trata famosos e se especializou em medicina endocanabinoide do esporte
Lorenzo Rolim, engenheiro agrônomo especialista em cânhamo, a ponta de lança da cannabis
A 2ª temporada do Cannabis Hoje Pod tem o apoio de USA Hemp, Aleda, Simples Cannabis, Humora e Ease Labs. Essas são empresas que reconhecem o valor da comunicação responsável e do jornalismo de qualidade para promover o crescimento do setor com informação para a normalização da cannabis.
☘️☘️☘️ escrevi por aí
“LEGALIZANDO A MACONHA VAMOS TER UMA SOCIEDADE MENOS CRIMINOSA E MENOS CHATA”, Erika Hilton
Acostumada a fazer parte de minorias e lutar por elas, a deputada federal Erika Hilton é uma das vozes que há anos repetem: o Brasil precisa urgentemente de uma nova política de drogas.
A parlamentar, que é líder da bancada do seu partido, o PSOL, no Congresso, entende que as drogas estão no cerne de várias questões que parecem irresolúveis no Brasil – como a segurança pública, a violência e o tráfico.
Nesse papo entre mim e Erika Hilton, a conversa visitou lugares inéditos, passou por esbanjar glamour mesmo num ambiente tão pouco glamouroso como a Câmara dos Deputados, pela discussão sobre política de drogas para a maconha, crack e outras substâncias, e também por reflexões sobre se afinal há ou não espaço para o ativismo da maconha na política e sobre como a legalização faria a sociedade brasileira mais segura e divertida.
Erika falou pela primeira vez sobre os usos que faz da cannabis, uma planta que tem o poder de ajudá-la a relaxar, e também sobre o uso de cogumelos.
“Microdrose, não, big dose.”
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A CANNABIS PRECISA FURAR A BOLHA
Quem trabalha com cannabis no Brasil só pensa em uma coisa: furar a bolha. E apresentar os benefícios e a história da planta para quem ainda não está por dentro do assunto. Quando será que o setor vai ser comprometer em criar articulações capazes de falar para dentro e para fora da bolha?
Olhos e ouvidos da sociedade estão abertos, curiosos por entender a mudança de paradigma que a cannabis vem experimentando na última década, abandonando o status de tema tabu, que pegava mal, para assumir as vestes de um tema “da moda”, que entra na casa das pessoas cada vez mais frequentemente pelos programas de maior audiência das principais emissoras de TV.
Seus pais, filhos e chefes têm uma opinião sobre a cannabis, mas trata-se de uma opinião jovem, ainda em construção, ávida por mais elementos que sejam úteis na hora de decidir sobre o próprio bem-estar ou por novas oportunidades de negócio.
Mas, afinal, como se fura essa bolha?
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A MENOR DISTÂNCIA ENTRE O BRASIL E A ÁFRICA
“Sempre sonhei com o mundo legalizado, em fumar uma erva de qualidade”, lembra Larissa Barbosa, que chegou na África do Sul em 2020 e encontrou um dos lugares onde a cultura canábica é mais desenvolvida no mundo.
Além de fumar da boa, ela aproveitou para empreender e criou um projeto de turismo canábico que no início foi muito planejado para o público brasileiro, mas que na prática acabou recebendo turistas do mundo inteiro, principalmente de europeus, que cansados do modelo da Holanda, buscam experiências mais genuínas.
Esse “ganja safari” tem pacotes básicos, mas não fixos. A brisa da Larissa é montar tours personalizados para cada pessoa, dupla ou grupo de acordo com o que cada um deseja. Claro que há sugestões de rota, de lugares imperdíveis, mas também rola produzir pedidos especiais, tipo um picnic de cannabis na praia, com chef preparando um cardápio especial e tudo; ou uma empresa que queira organizar aulas de surf – com uma sesh no meio, claro – para os seus funcionários.
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“A MACONHA SEMPRE FOI UMA FORMA DE EU NÃO VIVER EM DOR”, Bob Burnquist
Os interesses de Burnquist vão muito além do skate. Ele pinta, toca bateria, salta de paraquedas, é piloto de avião, estudou mecânica e geometria, e expressa a sua criatividade de uma maneira única, que você pode conferir no documentário “A Lenda do Skate”, que estreou há poucos dias na HBO Max.
Num papo comigo, essa lenda do esporte, que foi também uma das primeiras figuras públicas a defender abertamente a maconha no Brasil, fala sobre a erva, claro, mas também sobre psilocibina – que usa em macro e em microdoses –, sobre o poder de visualizar para materializar, e ainda comenta o skate nos Jogos de Paris, inclusive sobre a estranheza que lhe causa ver os skatistas de uniforme.
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JÁ NASCEU ERRADA POR NASCER MULHER
"Você vai no gineco e ele nem pensa em qual pílula vai te receitar, ele pega a primeira amostra grátis e te dá"
Depois de se formar num dos melhores cursos de medicina do Brasil e atuar tanto em clínica quanto na docência da mesma universidade, a ginecologista Debora Rosa se decepcionou com o tratamento que é dado à saúde da mulher pela medicina tradicional e foi buscar novas ferramentas para exercer o seu ofício.
Se existem plantas alucinógenas, capazes de mudar estados de consciência, então haverão plantas capazes de tirar cólica, de ajustar os hormônios femininos, pensou. Qualquer novo caminho brilhava demais aos olhos de quem só tinha pílula e Buscopan na manga.
Foi assim que Debora mergulhou na fitoterapia e se muniu de novas ferramentas para tratar a saúde ginecológica das suas pacientes. Ela estranhou, porém, o fato de nunca ter ouvido falar de cannabis na formação fitoterápica, e empreendeu por si só uma viagem ao fantástico mundo da cannabis medicinal aplicada à ginecologia.
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“APOIO A LEGALIZAÇÃO, O USO MEDICINAL E O CULTIVO”, Rincon Sapiência
Danilo Albert Ambrosio, que você muito provavelmente conhece como Rincon Sapiência, viveu muitas vidas em uma, e ele só tem 38 anos. O músico, que nasceu e cresceu na Cohab Itaquera, na zona leste de São Paulo, correu o mundo apresentando seu trabalho e experimentando outras culturas, que retroalimentam a sua arte.
Numa dessas experimentações, foi parar num clube canábico no norte da Espanha. Foi a primeira vez que se deparou com ganja de alta qualidade. Maconha da boa, um rango daora, um suquinho, café, videogame, meninas fumando e jogando baralho na mesa do lado. Depois disso, voltou ao Brasil pensando em como seria abrir um coffee shop ou um clube de maconha por aqui – ideia (ainda) tão utópica quanto gostosa de pensar.
Nesse papo comigo, Rincon Sapiência relembra uma viagem canábica pela Europa e do primeiro enquadro que levou (quando ainda era apenas uma criança jogando bola na pracinha de casa). O artista fala sobre educação a respeito da maconha nas periferias, de letras que incluem a erva implicitamente, visita a sua ancestralidade e também – por quê não? – da sua vaidade.
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FAMOSOS NA MACONHA: BOM PRA QUEM?
Cada vez mais celebridades brasileiras estão empreendendo no cannabusiness, mas nada falam sobre reparação histórica, e isso é um erro. A mais recente delas a se aventurar no setor é o influencer Whindersson Nunes, que há poucos dias anunciou o lançamento da sua marca de cannabis, ignorando completamente um assunto central no processo de regulação da planta: a reparação histórica que precisa caminhar junto de qualquer discussão sobre a comercialização de subprodutos da planta.
A jogada de marketing do Whindersson fala em popularizar o acesso à cannabis, assim como a de Ice Blue, integrante dos Racionais, que há alguns meses lançou uma empresa prometendo oferecer os preços mais baratos do mercado, como se isso fosse uma estratégia de inclusão de pacientes periféricos em vez de só mais uma estratégia de mercado.
É preciso lembrar também da incursão de Marcelo D2 pela indústria brasileira da cannabis, quando, em 2023, atacou de empresário com a sua The Hemp Complex, que vendeu rios de cannabis in natura (em forma de flor) com uma agressiva estratégia de marketing que contribuiu imensamente para que a Anvisa proibisse a importação de flor pouco tempo depois.
Já é hora de as celebridades e influenciadores deixarem de se preocupar apenas com quanto suas contas bancárias crescem por minuto e passarem a colocar a sua imagem e o seu alcance à disposição da reparação de danos para reduzir a mortalidade por segundo e a violência que os brasileiros sofrem cotidianamente.
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NA TRILHA DA MACONHA ATÉ OS HIMALAIAS
Existe uma teoria de que a origem da maconha se deu na China. E que de lá foi parar na Índia, pelos Himalaias, de onde seguiu para o Paquistão, foi dominando o Oriente Médio, até chegar na África e finalmente dar a volta ao mundo até as Américas.
Segundo essa teoria, então, eu fui buscar a maconha na sua raiz, praticamente na fonte primal, quando empreendi viagem aos Himalaias indianos para ver de perto os enormes cultivos de cannabis que aquelas montanhas abrigam a mais de 2 mil metros de altura.
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KAMALA HARRIS É MUITO MAIS LEGALIZE QUE TRUMP E BIDEN
Entre Trump, Biden e Kamala, não há dúvidas de que Kamala tem muito mais simpatia pela causa da cannabis do que o atual presidente e o candidato republicano, com quem disputará a Presidência dos EUA. E não só pelo fato de ela admitir já ter fumado maconha –assim como Barack Obama e Bill Clinton–, mas por uma atitude muito mais neutra, de quem tem o assunto cannabis tão normalizado quanto o álcool ou o tabaco.
A próxima provável presidenta dos EUA é veementemente contra a ideia de que a cannabis seria uma "porta de entrada" para outras drogas, e defendou essa posição no Jimmy Kimmel Live, programa de enorme audiência no país.
A candidata é favorável à anistia das pessoas que estão na prisão por crimes relacionados à cannabis e a expectativa para o seu eventual mandato é que ela faça pressão para retirar a cannabis da lista de substâncias controladas, passo importante para uma futura legalização a nível federal.
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O QUE FARÁ A META PARAR DE DERRUBAR PERFIS CANÁBICOS?
Criadores de conteúdo canábico crescem que nem mato no Brasil. À medida em que o setor expande –o que ocorre independentemente dos processos de regulação da planta no país–, mais aparece gente querendo falar sobre o assunto.
Quem se aventura a abordar o tema nas redes sociais já percebeu que o mar não está para peixe. Abrir um perfil para falar de maconha virou sinônimo de comprar uma briga pela liberdade de expressão, já que a empresa tem aplicado censuras diversas aos conteúdos desse nicho.
O advogado fluminense Clayton Medeiros, que está na linha de frente desse tipo de defesa, tornou-se o maior expoente na recuperação de perfis que abordam a cannabis, recebendo, em média, 4 consultas por semana de gente interessada em processar a empresa de Mark Zuckerberg.
Todos os casos que levou aos tribunais tiveram desfechos favoráveis para os criadores de conteúdo e, em vários deles, a Justiça determinou que a Meta pagasse multas que variam de R$ 200 a R$ 1.500 por dia de atraso ao prazo fixado para o restabelecimento do funcionamento normal da conta.
Tá certo que pagar multas em real é dos menores problemas da companhia, mas como tudo é uma questão de escala, conforme a empresa se envolva em mais imbróglios judiciais que consomem seus recursos profissionais e financeiros, será imperativa uma revisão de seus procedimentos.
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Beijos e até mais ;)