Cannabis Hoje #80 ☘️ Psicodélicos são o futuro, o passado e o presente
Cobertura exclusiva da Psychedelic Science | Eliane Dias muito além de esposa do Mano Brown | Toxicológico pra CNH | Prem Baba | Cultivo ficou para setembro e mais
Que coisa linda, que alegria!
Estou de volta de Denver, para onde viajei na semana passada para cobrir a Psychedelic Science Conference a convite do Poder360, um jornal que acompanha o seu tempo e não tem medo de ousar.
Foi tudo tão especial! E você pode ler a cobertura completa aqui, que tem de um tudo, as últimas novidades sobre terapia de casal com o auxílio de psicodélicos, governador do Colorado anunciando perdão a presos por porte ou uso de psilocibina, jogadores da NFL contando como os psicodélicos foram um divisor de águas na vida, de onde vem o financiamento psicodélico, a aposta da indústria do bem-estar que tem nos psiconautas parte do seu target, a comitiva brasileira que foi um dos destaques absolutos do evento, e muito mais ;)
Tem também esse artigo pra Breeza, contando os bastidores de uma conferência psicodélica por uma repórter (quase) sóbria.
No vídeo abaixo eu conto um pouco mais, mas, antes, se liga nessa alegria brasuca <3

Do muito que vi e senti, o mais importante é que os psicodélicos são o futuro, o passado e o presente!
CANNABIS HOJE POD: notícias quentinhas comentadas por especialistas, papo de empreendedorismo e negócios com os empresários mais destacados do setor, e os bastidores do universo canábico brasileiro pelas figuras que mantêm esse mercado aceso
Arthur Arsuffi, advogado responsável pelo caso que inspirou a decisão do STJ sobre cultivo em solo nacional explica o imbróglio dos prazos estabelec
Natan Duek, um dos responsáveis pela entrada de argentinos com maconha no Brasil explica como viajar dentro e fora do país com a sua medicina
Nathalia Cajueiro, que vem da indústria da cerveja pra revolucionar a cannabis, fala sobre como buscar inspiração em outras indústrias
Marilene Esperança, à frente da Abrario, conta sobre decisão inédita da Justiça que confirmou que a Anvisa não apita em associação de pacientes
» Na 4ª temporada, o Cannabis Hoje Pod é apoiado por 5 marcas que são destaque em inovação e tecnologia nos seus nichos de atuação: Unyleya, USA Hemp, Flora Urbana, Blis e aLeda
Essas são marcas que reconhecem o valor da comunicação responsável e do jornalismo de qualidade no processo de desestigmatização da planta, promovendo informação para a normalização do que um dia foi tabu.
“OS PSICODÉLICOS SÃO MEDICINAS ESPIRITUAIS”, Prem Baba
Prem Baba sente que se reencontrou com a ayahuasca nesta encarnação, e fala pela primeira vez sobre a sua caminhada há mais de três décadas conectada à substância. Sete anos após o período mais controverso de sua trajetória pública, quando foi acusado de assédio por uma seguidora, o líder religioso de famosos e poderosos bateu um papo comigo sobre cannabis, psicodélicos e substâncias sintéticas.
Prem Baba não se furtou a comentar o que chama de “provação espiritual”, período mais difícil de sua vida, sobre uma acusação de assédio que classifica como mentirosa. O episódio está no seu novo livro “A autobiografia de um yogue brasileiro” e foi o detonador para o seu recolhimento. A entrevista também toca em temas estruturais da jornada espiritual que ele defende: o papel dos psicodélicos como ferramentas de cura, a importância da preparação e da intenção, e sua própria história com substâncias naturais como ayahuasca, São Pedro, cannabis e, mais recentemente, o CBD.
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VAI TER CANNABIS NO SUS MUNICIPAL DE SP?
A Prefeitura de São Paulo chegou a publicar uma diretriz para distribuir gratuitamente medicamentos à base de CBD pelo SUS municipal, ampliando o acesso para pacientes com epilepsia, dor crônica, TEA, endometriose, entre outras condições. Poucos dias depois, a nota técnica simplesmente sumiu do ar, sem qualquer explicação. A proposta não era perfeita, mas avançava em relação à lei estadual ao contemplar mais doenças e reduzir o custo de judicializações emergenciais, que oneram os cofres públicos sem planejamento.
Mesmo sem contemplar produtos com THC, a diretriz indicava uma política pública realista, capaz de expandir o acesso a terapias canabinoides onde a ciência já demonstrou benefícios, com respaldo médico e protocolos claros. Será que a coragem de avançar incomodou? Enquanto a Prefeitura não se pronuncia, quem precisa do tratamento continua à espera de uma política que caminhe de fato para o cuidado e não para o retrocesso. O momento pede menos vaidade institucional e mais compromisso com a saúde pública.
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“EU QUERIA TER PELO MENOS UNS 5 FILHOS, MAS EU ACHAVA QUE O MANO BROWN IA ME DEIXAR”, Eliane Dias
Mãe, advogada, empresária e peça fundamental no universo do hip-hop brasileiro, Eliane Dias é muito mais do que mulher e sócia de Mano Brown, e não tem tempo para meias palavras. Nessa conversa comigo, Eliane diz que não fuma maconha, mas apoia e sabe que a legalização é inevitável. Só não pode ser mais uma maquiagem para beneficiar os mesmos de sempre. Por trás da mulher forte que equilibra negócios, família e ativismo, há uma insegurança que a perseguiu por décadas: o medo de ser trocada por uma mulher branca.
Eliane passou 25 anos achando que Pedro Paulo, o Mano Brown, um dia a deixaria. A fama dele, o assédio e a consciência da solidão da mulher negra alimentaram esse fantasma. Mas ela transformou o medo em combustível, criando uma carreira sólida sem depender do reflexo do parceiro. E quando o assunto é política, Eliane não esconde o desejo de entrar no jogo. Como prefeita, vereadora, deputada ou até assessora, o importante é estar onde as decisões são tomadas. Mas esse é um plano para daqui a alguns anos. Enquanto isso, observa as brigas públicas no movimento negro com preocupação: “Treta todo mundo tem, mas expor a sujeira só enfraquece a luta”. Típico dela: sem romantismo, só a verdade, que às vezes dói.
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O QUE LULA PRECISA SABER SOBRE O TOXICOLÓGICO PARA TIRAR CNH
Aguarda na mesa do presidente Lula, para ser assinada –ou modificada, espera-se– uma lei aprovada pelo Legislativo há poucos dias, que obriga a todos aqueles que desejarem obter CNH, nas categorias A e B, a passar por exame toxicológico. Meu medo é que Lula olhe para isso e, mal assessorado, pense que pode ser uma boa ideia assiná-la sem maiores questionamentos. Afinal, quem não apoiaria uma lei vendida pelos parlamentares como um dispositivo de proteção à vida?
Desde 2014, a toxicologista Silvia Cazenave tentava mostrar que propostas como a da nova lei, de testagem de cabelo (que identifica as substâncias utilizadas por três meses) não deveriam ser aprovadas como viés preventivo, pois, segundo ela, não há qualquer comprovação científica de que sejam realmente eficazes na prevenção de acidentes. E porque, claro, não identifica álcool e alguns tipos de remédios, igualmente perigosos para quem vai dirigir.
Se quisermos entender a prevalência das substâncias consumidas na sociedade para poder atuar criando políticas públicas eficazes, o mais indicado são as amostras de uso recente, como saliva e sangue, não com teste de larga escala, que só fará onerar a população ao exigir um teste que, além do Brasil, não é realizado em nenhum outro país do mundo. E ainda tem outra questão curiosa que deve ser considerada: a influência da cor do cabelo na detecção de drogas. Uma tese de doutorado da Universidade de São Paulo demonstrou que cabelos mais escuros –com maior teor de melanina– tendem a incorporar maiores concentrações de certas drogas com pH mais básico, como cocaína e anfetaminas, em comparação com cabelos claros.
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CIDADÃO DE UM MUNDO LEGALIZE
Paulo Consentino, artista plástico conhecido por murais do Santos FC e projetos pelo mundo, encontrou na cannabis uma companheira de jornada há três décadas. Ex-atleta, só experimentou a erva aos 25 anos, durante uma residência artística na Alemanha, e nunca mais desgrudou da planta que, segundo ele, traz bem-estar e liberdade criativa, mesmo sem influenciar diretamente sua arte. “A maconha é uma escolha de pessoas pacíficas, sou muito mais calmo do que se usasse álcool”, diz Paulo, que também viu no canabidiol um alívio para o Parkinson do pai, Ítalo, reforçando que a planta “não é bicho de sete cabeças, seja no uso medicinal ou recreativo”.
De volta a Santos depois de temporadas na Europa e na Bahia, Paulo lamenta o retrocesso da legislação canábica brasileira e a cultura de estigmas que ainda associam a planta ao crime, apesar de avanços recentes na descriminalização. “Aqui, é tudo underground, diferente de ir num dispensário e saber o que você está comprando.” Para ele, a cannabis é parte de um movimento cultural, social e de saúde pública que o Brasil precisa encarar com seriedade. Enquanto isso não acontece, segue usando de forma consciente, aguardando o dia em que o país garanta aos brasileiros a mesma liberdade que ele já viu de perto em países legalizados.
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EU TENTEI FUGIR DE MIM, MAS AONDE EU IA EU TAVA
Depois de 18 anos em que socialização e identidade giravam em torno de álcool e outras drogas, Mateo Ugarte, da banda Francisco, el Hombre, decidiu caminhar 800km pelo Caminho de Compostela em busca de reencontrar alegria sem substâncias e redefinir sua vida após a pausa da banda. Ele dormiu em albergues, viveu com o básico e se alimentou de conversas com outros peregrinos, criando espaço para refletir e se reconstruir. No caminho, clareou seu próximo passo: a carreira solo, iniciada com o álbum “NEURODIVERGENTE”, que reúne canções compostas durante internações por dependência química, expondo pela primeira vez suas vulnerabilidades em torno de adição, depressão e bipolaridade.
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DEVO, NÃO NEGO, PAGO QUANDO PUDER
A União pediu ao STJ extensão do prazo para regulamentar o cultivo de cannabis no Brasil, prometendo fazer nos próximos 120 dias o que não fez no último semestre, e o STJ aceitou, estabelecendo 30 de setembro como o prazo máximo para que o governo apresente o plano completo.
Não fosse o pedido pela extensão do prazo, a proposta protocolada pela AGU seria até que razoável. Pela 1ª vez na história da regulamentação da planta, começamos a pensar em um ecossistema abrangente, que vá além dos interesses das empresas farmacêuticas. Com destaque para:
regime associativo – que atualmente produz e distribui produtos de cannabis para mais de 90.000 pacientes;
laboratórios públicos – com projetos de produção e distribuição de canabinoides para o SUS;
saberes tradicionais – associados a práticas medicinais e ritualísticas;
e participação de produtores agrícolas.
Educann by Unyleya - Nova perspectiva para a saúde da pele com cannabis medicinal
Nos últimos anos, a cannabis medicinal vem se destacando como uma aliada promissora em tratamentos dermatológicos. Diversos estudos científicos têm apontado que os canabinoides, especialmente o canabidiol (CBD), possuem propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes, seborreguladoras e cicatrizantes — o que os torna eficazes em condições como acne, psoríase, dermatite atópica, rosácea e até no envelhecimento cutâneo. O sistema endocanabinoide, presente na pele, regula funções como crescimento celular, produção de sebo e resposta inflamatória.
Ao interagir com esse sistema, os canabinoides ajudam a modular reações exageradas do organismo, promovendo equilíbrio e alívio de sintomas sem os efeitos adversos comuns em medicamentos mais agressivos. Além de seu uso tópico, estudos também avaliam os benefícios sistêmicos dos canabinoides no tratamento de doenças cutâneas associadas a distúrbios autoimunes e inflamatórios. O CBD, por exemplo, demonstrou reduzir coceiras, melhorar a barreira cutânea e acelerar a cicatrização de feridas. Com o avanço da regulamentação e da pesquisa, cresce o interesse de profissionais da saúde em integrar a cannabis medicinal à prática clínica dermatológica. A formação especializada torna-se essencial para que médicos, farmacêuticos e esteticistas atuem com responsabilidade, ampliando o acesso a terapias inovadoras e baseadas em evidências.
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