CH#47 ☘️ Dentistas incorporam a cannabis em sua prática clínica
Profissionais se organizam para ampliar utilização da substância nos tratamentos dentários
Oiê, tudo bem por aí?
Aqui tá uma friaca! Mas tudo certo, aprendendo com o inverno. Por exemplo, a acender a lareira, preparar uma bela tartiflette vegetariana e a interiorizar nas profundezas e nos rasos do meu ser.
Claro que de vez em quando eu dou uma escapada dessa interiorização e vou dar uma volta por aí. Na semana passada, fomos a Paris e entre otras cositas, vimos o Richarlison conquistar a presidência da seleção brasileira num bar de brasileiros barulhentos mucho locos, AMO, ficamos umas horas andando por todas as ruas do Marais, onde tava rolando uma feirinha de antiguidades, AMO. E fomos no show do Hilight Tribe, AMO. Voltei mais apaixonada. Por Joaquín, por supuesto, e por Paris. Apesar da atmosfera densa, tem um borogodó da porra essa cidade.
É massa ter a oportunidade de estar aqui onde tudo é tão perto, imagina, um vôo de menos de 2 horas e PAM, cheguei em Paris. A proximidade de tudo é tão maneira que dá pra pedalar 420km durante três dias cruzando fronteiras de bike. Estou me preparando para vários tours de bike, mas essa dos 420km me anima especialmente. Se você pensou que 420 tem alguma coisa a ver com a cannabis, é isso mesmo. O Medical Cannabis Bike Tour realiza pedaladas de 420 km com três objetivos: juntar a galera interessada no assunto, espalhar informação sobre cannabis medicinal, e concentrar grana das doações, patrocínios e inscrições para reverter em financiamento de ensaios clínicos com a substância.
Está por começar, aliás, um estudo inédito sobre câncer e cannabis, apoiado pelo Medical Cannabis Bike Tour com 400 mil euros, para provar se a atividade antitumoral já comprovada em modelos animais também se aplica a humanos em tratamento de primeira linha de glioblastoma (um tipo agressivo de câncer cerebral). Conto a história toda na coluna da semana no Poder360.
Você sabia que durante uns dez dias, lá na época da resolução vexatória do CFM (Conselho Federal de Medicina), os dentistas foram os únicos “autorizados a prescrever cannabis”? Enquanto todo mundo discutia a proibição imposta aos médicos, os dentistas prescritores de cannabis seguiram trabalhando normalmente. É que ao contrário do CFM, o CFO (Conselho Federal de Odontologia) já entendeu que a cannabis é uma ferramenta terapêutica potente, e por isso não se opõe a seu uso e nem muito menos cria barreiras para a sua utilização e aprimoramento. Mergulhei no universo da cannabis na odontologia, trazendo os pioneiros da prática no Brasil, e outros dados que você poder ver aqui, nesta reportagem que publiquei no Estadão.
Vem comigo num giro de notícias canábicas e psicodélicas ;)
☘️ Cannabis de qualidade tem mais a ver com o aroma que com a dosagem de THC
Quem escolhe a variedade da cannabis para fins recreativos pela potência do THC, pelos terpenos ou pela dose está escolhendo errado, segundo um novo estudo, que demonstrou que um aroma agradável é o fator principal para experiências positivas com a inalação da flor de maconha. Com co-autoria de Ethan Russo, um dos cientistas mais reconhecidos nos estudos de cannabis, o relatório 'O Nariz Sabe: o aroma, e não o THC, media os efeitos subjetivos do fumo da flor de cannabis' foi publicado este mês na revista Psychoactives. Se você já se perguntou: afinal, o que é cannabis de 'qualidade'? Embora a potência do THC e o conteúdo de terpeno sejam frequentemente citados como indicadores pelos consumidores, a verdade é que ainda não temos a resposta pra essa pergunta. Em seu estudo, o Dr. Russo e seus colegas tiveram como objetivo identificar quais características da cannabis contribuem para seus atraentes efeitos subjetivos. Em um processo randomizado duplo-cego, produtos de flores de cannabis disponíveis comercialmente foram dados a voluntários 'saudáveis', que então completaram uma pesquisa anônima sobre os efeitos sentidos. Os dados foram então analisados por pesquisadores que descobriram que não era a expressão do terpeno, a potência do THC ou a dose de THC, que estavam positivamente correlacionadas com efeitos subjetivos agradáveis, mas um “aroma agradável”. “Semelhante a outras commodities agrícolas, como café e chá, o aroma parece ser um indicador robusto da qualidade da inflorescência de cannabis”, diz o estudo.
☘️ Leite de vacas alimentadas com cânhamo pode te deixar chapado?
As vacas leiteiras caminhavam instáveis, suas línguas pendiam para fora da boca e seus olhos ficaram avermelhados. O que desencadeou esses sintomas? Uma dieta de cânhamo industrial, dizem os pesquisadores. O produto derivado da cannabis não deu larica às vacas – na verdade, elas diminuíram sua ingestão geral de alimentos. Por sua vez, produziram menos leite, mas o leite que produziram continha níveis detectáveis de THC e CBD. O cânhamo ainda não é um aditivo aceitável para ração animal nos EUA ou na Europa, em parte devido a preocupações de que os compostos ativos das plantas cheguem ao leite. Mas, à medida que a indústria do cânhamo cresceu, as partes interessadas e os reguladores consideraram o uso do cânhamo como ração animal, citando seu baixo custo e valor nutricional. Um novo estudo, publicado no meio de novembro na revista Nature Food, apontou que os canabinóides podem entrar no leite de vacas alimentadas com cânhamo, mas o risco que isso pode representar para os consumidores ainda não está claro. Para avaliar os efeitos do cânhamo em vacas leiteiras e seu leite, os pesquisadores alimentaram 10 vacas lactantes com ração contendo cânhamo com diferentes concentrações de canabinóides (e sempre menos de 0,3% de THC). Na primeira semana do teste, os pesquisadores trocaram parte da ração à base de milho das vacas por ração de cânhamo com baixa concentração de canabinoides, e na segunda semana, com alta concentrações. Dois dias após a mudança de dieta, as vacas pararam de comer tanto e sua produção de leite diminuiu. THC, CBD e outros canabinóides foram detectados no leite de vaca no final do teste e também após oito dias. A quantidade de THC detectada durante o teste de alimentação com flores pode ter algum efeito na saúde humana, disseram os autores do estudo. No entanto, ainda não está claro se laticínios contaminados com THC deixariam os humanos chapados.
☘️ Nova York concede as primeiras licenças para negócios de cannabis àqueles que foram impactados pela guerra às drogas
Na semana passada, o Escritório de Administração de Cannabis de Nova York emitiu licenças de varejo de cannabis para uso adulto para 36 candidatos, incluindo 28 indivíduos “impactados pela guerra às drogas” e oito organizações sem fins lucrativos. Os candidatos foram escolhidos entre um grupo de 903 candidaturas, que competiam por uma das 175 licenças antecipadas de maconha no varejo do estado. As autoridades planejam emitir 150 licenças para empresas, e as 25 restantes para organizações sem fins lucrativos. Não é pouco simbólico que a primeira onda de licenciamento tenha sido reservada para empresas de pessoas que foram desproporcionalmente afetadas pela guerra às drogas. O órgão regulador também postou no Twitter que permitirá que empresas qualificadas ofereçam também serviços de entrega. “Isso ajudará a impulsionar as vendas e permitirá que esses proprietários de pequenas empresas gerem capital e dimensionem suas operações”, twittou o OCM, que listou os candidatos vencedores por seus números de inscrição (não pelos nomes das empresas). Mas de acordo com um relatório do New York Times, pelo menos três organizações sem fins lucrativos com sede em Nova York foram incluídas, incluindo o LIFE Camp, que se tornaria a primeira organização sem fins lucrativos liderada por mulheres negras a receber uma licença. As vendas legais para uso adulto devem iniciar-se até o final do ano.
☘️ Polícia da Índia culpa ratos pelo sumiço de 500 kg de maconha apreendida
Será esta uma nova versão para “ foi o meu cachorro que comeu minha lição de casa”? A polícia do norte da Índia afirmou que 500 kg de maconha confiscada, que estavam armazenados em delegacias e armazéns da corporação, foram comidos por ratos, publicou a CNN. De acordo com documentos judiciais, funcionários do departamento de Uttar Pradesh, solicitaram 386 kg da maconha confiscada, mas a polícia respondeu dizendo que pelo menos 200 kg estavam faltando e que o restante havia sido "impactado" pelas infestações de ratos que supostamente correram desenfreadamente em todas as delegacias e instalações da polícia local. “Há uma ameaça de rato em quase todas as delegacias de polícia. Portanto, os ajustes necessários precisam ser feitos para proteger maconha confiscada”. Enquanto os ratos que gostam de ficar chapados foram oficialmente nomeados culpados no tribunal, a CNN informa que o superintendente da polícia da cidade, Martand Prakash Singh, disse mais tarde que a maconha foi “destruída por chuvas e inundações”. “Não havia referência a ratos no (relatório submetido ao tribunal)”, disse o superintendente da polícia no relatório.
☘️ Doses altas de psilocibina podem ajudar na depressão refratária, sugere estudo
Uma grande dose de psilocibina, o ingrediente ativo dos cogumelos psicodélicos, demonstrou ajudar pessoas que sofrem de um tipo de depressão grave em um novo estudo publicado no New England Journal of Medicine. O estudo se baseia em pesquisas anteriores sobre psilocibina e depressão e é o maior ensaio clínico desse tipo até hoje, com 233 participantes de várias partes da Europa e América do Norte. Algumas pessoas que sofrem de depressão tentam vários tratamentos, incluindo medicamentos antidepressivos, que às vezes são ineficazes. Acredita-se que essa forma grave de depressão afete mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo. Para este estudo, os pesquisadores deram aos participantes uma dose única de 25 mg, 10 mg ou 1 mg de psilocibina sintética na presença de profissionais treinados e, em seguida, participaram de sessões de psicoterapia. Os participantes que receberam a maior dose de 25 mg indicaram que a psilocibina mitigou significativamente seus sintomas de depressão em comparação com aqueles que receberam a dose de 1 mg. Os efeitos benéficos da dose de 25 mg também se manifestam mais rapidamente, ao longo de 12 semanas, em relação às doses menores. Para se ter uma ideia, 25 mg é considerado uma dose média ou alta de psilocibina, o equivalente a cerca de 2 ou 3 gramos de cogumelos secos. Mas como nem tudo são flores, efeitos adversos, incluindo dor de cabeça, náusea, tontura e fadiga, ocorreram na maioria do grupo que recebeu a dose alta.
☘️ Tailândia retrocede nas recentes legalizações da cannabis
Fogo no parquinho tailandês. Os coffeshops e as lojas de maconha na Tailândia não terão mais permissão para que os clientes fumem maconha em seus estabelecimentos, só pode se for cannabis medicinal prescrita por um médico. A Tailândia abriu os primeiros coffeshops há pouco mais de três meses, e atraiu não só a imprensa do mundo todo – animada em cobrir um giro de 180º na postura de um país em relação à erva –, mas também milhares de turistas interessados em fazer o mesmo que em Amsterdam, mas no calor. O anúncio, feito pelo Ministério da Saúde Pública há poucos dias já entrou em vigor, e a partir de agora, a cannabis rica em THC será classificada como “erva controlada”, com venda proibida para menores de 20 anos, mulheres grávidas ou lactantes, entre outras restrições. A decisão foi tomada depois de uma petição judicial do presidente da Associação de Médicos Forenses para que a cannabis voltasse à lista de narcóticos, supostamente em resposta a uma onda de casos sobre hospitalizações e uso por crianças no país.
☘️ Legalização ampla na Europa é uma das 3 principais chaves da indústria da cannabis em 2023
A indústria da cannabis está se aproximando de três grandes mudanças que podem criar novas oportunidades para os investidores – sem mencionar alguns novos riscos, escreveu o The Motley Fool. A publicação explora como as indústrias de cannabis devem mudar nos próximos dois anos anos, começando com a ampla legalização da cannabis na Europa, citada como a maior mudança futura. A segunda mudança é o fim do excesso de oferta de cannabis no Canadá – que viu seu preço médio de venda por gramo cair vertiginosamente. Quando isso já estiver mais controlado, o The Motley Fool destaca que haverá uma oportunidade de comprar ações de empresas bem posicionadas e com um crescimento consistente. Por fim, as condições que levaram ao excesso de oferta no Canadá já estão aparecendo no mercado recreativo dos EUA. Os investidores provavelmente serão pegos de surpresa pelos efeitos de excesso de oferta de cannabis, que serão os mesmos que ocorrem no Canadá, com perdas bilionárias. O escritório de advocacia Miller Thomson, calculou os prejuízos que empresas de cannabis licenciadas e negociadas publicamente no país, tiveram e chegou aos impressionantes US$ 131 bilhões só em 2022.
☘️ Irlanda também vai considerar a legalização em um futuro próximo
O Parlamento irlandês deve considerar a legalização da cannabis para uso adulto no próximo ano, sob uma nova proposta do deputado Gino Kenny, do People Before Profit, revelou a Forbes. A proposta modificaria a Lei de Uso Indevido de Drogas da Irlanda de 1977 para permitir que adultos com 18 anos ou mais possuam até 7 gramas de cannabis ou 2,5 gramas de concentrado de cannabis. O projeto de lei não contempla vendas regulamentadas ou mesmo cultivo legal, comercial ou doméstico, de modo que o mercado negro existente para a cannabis continuaria sendo a única opção para os consumidores. A proposta de legalização precisa ser aprovada pelo Dáil Éireann, a câmara baixa do Parlamento irlandês, e os debates devem começar no início do próximo ano. Atualmente, a Irlanda permite o acesso regulamentado limitado à cannabis medicinal. Se o projeto de lei for aprovado, a Irlanda seria o último país da União Europeia a iniciar reformas significativas na legislação sobre a cannabis, mas não conseguiria regulamentar as vendas de cannabis, ao contrário de Malta, Alemanha e República Tcheca. Uma pesquisa de abril descobriu que 55% dos adultos na União Europeia apoiam a ampla legalização da cannabis para uso adulto, com a maioria dos apoiadores também a favor de vendas regulamentadas no varejo e cultivo doméstico.
☘️ Que cannabis que nada! O turismo na Jamaica agora mira os cogumelos mágicos
Espera-se que o turismo jamaicano mude consideravelmente com o crescente interesse pelo turismo psicodélico para experiências – com cogumelos mágicos – já está presente no país. Em muitas partes da Europa e dos Estados Unidos, os cogumelos que contêm o composto psicoativo psilocibina são ilegais, na Jamaica, no entanto, eles não são ilegais. Segundo a Reuters, atualmente, o país está trabalhando com investidores com o intuito de aumentar sua indústria psicodélica. As estimativas provam que a psilocibina pode chegar a movimentar US$ 8 bilhões no mundo inteiro até 2028. Com a crescente popularidade da substância, parece que a Jamaica está entrando nessa tendência bem cedo. Existem cerca de quatro retiros de cogumelos psicodélicos no país, todos eles foram inaugurados nos últimos anos, à medida que o governo se entusiasmava com essa nova forma de turismo. Isso também ajudou o governo a permanecer aberto a investidores privados. No MycoMeditations, um retiro psicodélico em Treasure Beach que cultiva seus próprios cogumelos, os hóspedes pagam até US$ 23.500 por semana em busca de uma experiência mística única. Justin Townsend, CEO da MycoMeditations, mencionou que pelo menos 50% dos visitantes descreveram ter tido “experiências místicas” e dizem haver notado redução no estresse.
☘️ Jovens são 2x mais propensos a fumar maconha que tabaco
Uma nova análise de pesquisa da Gallup descobriu que os jovens americanos de 18 a 29 anos têm duas vezes mais chances de fumar maconha do que cigarros, publicou o Marijuana Moment. De acordo com a análise, a taxa de tabagismo de sujeitos que fumaram nos últimos 7 dias (entre americanos de 18 a 29 anos), caiu de 15% em 2016-2018 para 12% em 2019-2022. Enquanto as taxas de consumo de cannabis aumentaram de 21% para 26% para o mesmo grupo no mesmo período. Em média, a Gallup descobriu que 27% dos americanos fumavam cigarros, usavam vapes/cigarros eletrônicos de tabaco ou fumavam maconha de 2019 a 2022. E desse segmento, 7% dos entrevistados fumavam apenas maconha, 9% fumavam apenas cigarros e 3% fumavam apenas cigarros eletrônicos. Mas, embora os jovens americanos fossem os mais propensos a usar produtos para fumar ou vaping de qualquer variedade, eles também eram os mais propensos a optar por usar apenas cannabis em vez de produtos à base de tabaco. As taxas de uso de tabaco caíram consistentemente por duas décadas, mas os americanos com idades entre 30 e 49 anos ainda são mais propensos a consumir exclusivamente cigarros (11%) do que apenas cannabis (8%). A última pesquisa da Gallup descobriu que o apoio à legalização da cannabis nos EUA manteve um recorde de 68%, que a Gallup registrou pela primeira vez no ano passado.
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É isso. Bom dia procê com três diquinhas mara. Materiona da Pública sobre os candidatos pró-cannabis que foram proibidos de impulsionar seu alcance nas mídias sociais na eleição passada. A pesquisa psicodélica não está sendo conduzida pela Big Pharma, mas por: grupos de pesquisa universitária em instituições, especialistas e startups de biotecnologia listadas em bolsas de valores, startups privadas e organizações sem fins lucrativos como a Associação Multidisciplinar de Estudos Psicodélicos. E o futuro do LSD, por Amanda Feilding, a rainha dos psicodélicos.
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Beijocas, Anitinha